segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sociologia Processual e Histórica de Norbert Elias


RESENHA
                                                                            
Indivíduo e Sociedade na Perspectiva da
Sociologia Processual e Histórica de Norbert Elias[1]


       POR : JESUS MARMANILLO PEREIRA


Mestrando em andamento em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhã (UFMA). Possui Bacharelado em História pela Universidade Federal do Maranhão (2007), Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual do Maranhão (2008), graduação em Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura) pela Universidade Federal do Maranhão (2008) e atualmente é mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão(2009). Tem experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: Sociologia da Violência, Representações da Violência e do Espaço Urbano

 O Livro do sociólogo alemão Norbert Elias, Die Gesellschaft der Individuen ou Sociedade dos indivíduos, foi publicado pela primeira vez em 1987 em Frankfurt. Contudo, até hoje o texto é surpreendente, tanto pela forma como escreve quanto pela grande contribuição epistemológica para a Sociologia.
             A grande problemática do livro se desenvolve sobre a forma como os conceitos devem se trabalhados na construção de um esquema explicativo sobre o fenômeno da relação indivíduo- sociedade.
Nesse sentido o autor constitui um trabalho de reflexão sobre conceitos naturalizados numa visão binária (sociedade – indivíduo) fundamentada no principio do antagonismo. Norbert Elias problematizou o vazio conceitual localizado entre as noções de indivíduo e sociedade. Dessa forma, dialoga com vertentes sociológicas influenciadas pelas ciências naturais, cuja analises e interpretações fundamentam-se numa visão orgânica e sistemática de sociedade. Dialoga também com perspectivas que valorizam os indivíduos, enquanto condutores e elementos primordiais para a formação dessa mesma.
O autor expõe a antinomia existente entre essas duas concepções, demonstrando a esterilidade epistemológica que significa pensar a relação indivíduo- sociedade como pontos antagônicos e/ou auto-suficientes.
Para tanto, mais que pensar a sociedade como resultado de “heróis” e indivíduos que se destacam nas correntes literárias, na política e na História, ou pensar sociedade como organismo no qual os indivíduos estão inseridos para obedece uma lógica cuja finalidade é a satisfação individual, Norbert Elias analisa como se dá o processo de produção do indivíduo na sociedade, considerando assim as noções de indivíduo e sociedade como coexistentes e interdependentes.
Com uma forte utilização da História e de uma perspectiva relacional, Norbert Elias explica que os indivíduos constituem-se não apenas em relação a outros indivíduos, mas também em relação à sociedade. Em outras palavras o “eu” pressupõe a existência do “nos”, ou seja, há uma busca de distinção em relação ao grupo, o que caracteriza, entre outras coisas, uma explicação relacional – de que o “eu” adquire existência em relação ao outro.
Um exemplo da interdependência das duas noções para a compreensão da relação sociedade - indivíduo, pode ser pensada na própria liberdade de escolha individual, que não pode ter sua explicação apartada de questões relacionadas à forma como o indivíduo nasce e cresce em determinadas teias humanas, funções, educação e situação familiar. Nesse sentido, por mais que a psicologia busque explicações centradas unicamente no indivíduo, Norbert Elias demonstra que tal pensamento se apóia num princípio de auto-regulação, ou seja, do comportamento de indivíduos em relação a outras pessoas. Nas palavras do próprio autor “o indivíduo só pode ser entendido em termos de sua vida em comum com os outros. A estrutura e a configuração do controle comportamental de um indivíduo dependem da estrutura das relações entre os indivíduos (p.56)
Outra discussão interessante na obra corresponde à forma como essas noções de indivíduo e sociedade são naturalizadas e adquirem inquestionabilidade. Nesse ponto, Norbert Elias percebeu através da História, que algumas funções características do indivíduo foram passando, gradativamente, para a responsabilidade de determinadas instituições o que resultou em mudanças na forma de conceber a relação entre os indivíduos, ou seja, gerou uma espécie de especialização maior, acentuando assim o processo de individualização. Para Norbert Elias, essas mudanças contextuais contribuem para um tipo específico de percepção sobre a relação indivíduo- sociedade.
 O autor expõe que à compreensão e relação entre os termos, indivíduo e sociedade, depende de condições como, os contextos nos quais se inserem e os diferentes sentidos que podem adquirir de acordo com a situação. Bem como, os mitos e ideologias que lhes que podem dar sentido e sustentação às referidas noções. A idéia de sociedade pode ser interpretada também segundo sua função junto aos indivíduos, seja no combate dos medos e/ ou como forma de auto-percepção diante da vida.  Para Norbert Elias “algumas noções, por serem armas ideológicas de luta pelo poder, por vários partidos e estados, estão impregnadas de um conteúdo emotivo, difícil destrinçar seu núcleo concreto dos desejos e temores dos que estão engajados nos combates (p.74).
Uma forma de problematização dessa situação pode ser desenvolvida pela via Historiográfica, no sentido de ruptura com uma História substancializada, na qual as instituições são interpretadas, como planejadas e criadas segundo a vontade de determinados grupos, ou seja, como um resultado planejado, previsível e almejado.  Norbert Elias desenvolve assim, uma Sociologia Histórica que é apartada tanto da historia dos grandes heróis e importantes ícones quanto da História tradicional dos grandes Estado nacionais. Em outras palavras, utiliza o processo de individualização como espinha dorsal de sua análise.
Para tanto enfatiza a importância um sociologia processual, que significa adotar uma analise sociológica, não fundamentada em leis universais e estáticas aos moldes das Ciências Naturais e sim, tomando a sociedade como fenômeno dinâmico característico por mudanças ao longo do tempo e espaço.
Nessa perspectiva processual e Histórica, Norbert Elias analisa o processo de individualização, pelo qual são construídas as noções e percepções do “eu” e do “nos”. Para essa construção é importante considerar a Auto-percepção dos indivíduos e também, a percepção deles em relação aos outros (p.102) o que gera, entre outras coisas, condições de observação e desenvolvimento do habitus[2]importante elemento para compreensão da formação da autoconsciência.
No decorrer da obra, percebe-se que a idéia comum, ou principal, de Norbert Elias sustentasse numa crítica contra alguns clássicos da Sociologia, como Emilie Durkheim e Max Weber, cujas compreensões de sociedade, baseavam-se numa preponderância do coletivo (fato social) ou nos indivíduos (ação social). Contudo, aproxima-se dos mesmos quando considera que a sociedade não pode ser pensada enquanto soma de elementos, ou seja, ele apreende um trabalho de legitimação sociológica dos clássicos e consegue dar um “passo” adiante, construindo assim, argumentos sólidos que possibilitaram outra via de interpretação dos fenômenos sociais.  
 Vale ressaltar que, a “Sociedade dos indivíduos” não apenas problematiza esse vazio conceitual, situado entre essas duas noções, como também demonstra muito da perspectiva teórico-metodológica desse autor, ou seja, fornece-nos uma idéia própria de História, Indivíduo Sociedade, habitus, processo de individualização e como essas mesmas são operacionalizadas e articuladas em um esquema interpretativo e explicativo. Nesse sentido, a obra mantêm relação forte com outras obras do autor, como por exemplo, o processo civilizador, cuja idéia  principal compartilha de características existentes na noção de processo de individualização.
 Enfim, o livro Sociedade dos Indivíduos, constitui como uma importante obra para a desconstrução dos essencialismos que rondam essas noções tão naturalizadas e verbalizadas em varias discussões acadêmicas.  Expõe uma rica reflexão teórico-metodológica resultando na consolidação de uma perspectiva sociologia peculiar, alimentada por um forte viés processual, relacional e histórico, que lhe garante manter toda a obra “amarrada” na noção de processo de individualização - com a qual busca desvendar e romper com as dicotomias interpretativas, pautadas nos antagonismos – indivíduo e sociedade.
                       

REFERÊNCIA: ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994


[1] JESUS MARMANILLO PEREIRA
 DATA: 25/01/2010
[2] Essa noção de habitus pode ser entendida, de modo geral, como um tipo de automatismo gerado por um processo de encucação que desenvolve-se no entrelaçar de fatores individuais e coletivos.É importante para a  interpretação de padrões  e modelos  culturais desenvolvidos em grupos e instituições, que são  exigidos pelos indivíduos para a  constituição de um tipo de “quadro social”- passível de analises sociológicas.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Documentário: Língua-vidas em português + Este ano comemora-se o centenário de Aurélio Buarque de Holanda

Este ano comemora-se o centenário de Aurélio Buarque de Holanda



O professor Aurélio Buarque de Holanda era tão apaixonado pelas palavras que decidiu criar o seu próprio dicionário e o seu nome passou a ser conhecido por todos como o dicionário Aurélio.

Mas ele foi autor, filólogo, escritor, tradutor, crítico. O autor popularizou o acesso ao dicionário e inovou ao introduzir citações de outros autores ao lado da definição das palavras. Mas não deixou que o próprio nome fosse incluído na lista, como sinônimo de dicionário.

O Arquivo N presta uma homengem ao centenário de Aurélio Buarque de Holanda.

FONTE: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1266717-7823-ARQUIVO+N+DA+A+PALAVRA+A+AURELIO+BUARQUE+DE+HOLANDA,00.html




Documentário: Língua-vidas em português

Vi esse trecho e fiquei com muita vontade de ver todo.
Esse vai pra minha lista de coisas para baixar :P

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Segurança, Violência e Direitos


Houve um curso feito pela Fundação Demócrito Rocha, sobre Segurança, Violência e Direitos. Já algum tempo e queria por estes vídeos aqui. De certa forma homenagear alguns dos meus professores na graduação e da pós-graduação.

Observação:
O som está ruim, portanto é bom aumentar o volume do som.

Fascículo 05 - Estado, Segurança Pública e Homofobia. Autor: Geovani Jacó de Freitas



Fascículo 06 - Cultura, Violência e Subjetividade Autor: Leonardo Damasceno de Sá


Fascículo 07: Mídia e violência Autore: Ricardo Rigaud Salmito



Fascículo 08: Polícia, controle social e direitos humanos Autore: Glaucíria Mota Brasil




Fascículo 09: Cidadania e policiamento comunitário Autora: Rosemary Almeida



Fascículo 10: Crime e Segurança Privada Autores: Geovani de Oliveira Tavares e Luiz Fábio Silva Paiva



Fascículo 12: Juventude, Cultura e Violência Autores: Glória Diógenes


Fascículo 13: Violência contra mulheres - visibilidade e silêncio Autores: Irlys Barreira e Rosemary Almeida



Abração para Luis Fábio e Professor Geovani (Gil).

terça-feira, 25 de maio de 2010

CONFIRA NOVO BLOG CRIADO POR CIENTISTAS SOCIAIS DE PAÍSES LUSOFONOS.

PARA VER CLIQUE AQUI

Confira

"Playboy' irá criar uma edição para Angola e Moçambique

A conferir aqui.

domingo, 23 de maio de 2010

Qual a diferença entre Durkheim, Karl Marx e Max Weber?





AUTOR: Prof. Ms. PEDRO MOURÃO
Uma vez me deparei com essa pergunta na Internet. “Qual a diferença entre Durkheim, Karl Marx e Max Weber?”. Vi a seguinte resposta:

Émile Durkheim (Épinal, 15 de abril de 1858 — Paris, 15 de novembro de 1917) é considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim foi o fundador da escola francesa de sociologia, posterior a Marx, que combinava a pesquisa empírica com a teoria sociológica. É reconhecido amplamente como um dos melhores teóricos do conceito da coerção social.Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas", forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade.

Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual alemão considerado um dos fundadores da Sociologia. Também podemos encontrar a influência de Marx em várias outras áreas tais como: filosofia, economia, história já que o conhecimento humano, em sua época, não estava fragmentado em diversas especialidades da forma como se encontra hoje. Teve participação como intelectual e como revolucionário no movimento operário, sendo que ambos (Marx e o movimento operário) influenciaram uns aos outros durante o período em que o autor viveu.Atualmente é bastante difícil analisar a sociedade humana sem usar seu pensamento como referência, mesmo que a pessoa não seja simpática à ideologia construída em torno de seu pensamento intelectual, principalmente em relação aos seus conceitos econômicos.


Maximillian Carl Emil Weber (Erfurt, 21 de Abril de 1864 — Munique, 14 de Junho de 1920) foi um intelectual alemão, jurista, economista e considerado um dos fundadores da Sociologia. Seu irmão foi o também famoso sociólogo e economista Alfred Weber e sua esposa a socióloga e historiadora de direito Marianne Schnitger.
A análise da teoria weberiana como ciência tem como ponto de partida a distinção entre quatro tipos de ação:A ação racional com relação a um objetivo / A ação racional com relação a um valor/ A ação afetiva / A ação tradicional


Achei a resposta  muito simplória para acreditar que era só isso que os diferenciavam.
Lembrei de quando eu era pequeno e via televisão o dia inteiro. Aquela caixa mágica era meu vínculo com a sociedade para além do meu lar.

Na escola nunca fui o mais popular, nem fui bom em esportes. Hoje dou boas gargalhadas lembrando que as moças só falavam comigo para pedir as respostas das questões de matemática ou para pedir uma caneta.



Aos poucos fui me tornando mais introspectivo e aquela caixa mágica foi se tornando uma referência para mim. Já adulto comprei um computador e isso significou muito para meu trabalho. Então, meio que troquei a TV pelo computador, vale lembrar que os livros nunca perderam sua função para mim. Minha mãe uma vez me pegou literalmente com o rosto na tela da TV, ela me perguntou o que eu via ali, eu respondi que via pontos vermelhos, azuis e verdes.
Esses pontos ficaram na minha memória. Como podem 3 cores conseguirem mostrar todo o mundo?

Entrei na Universidade e descobri Marx, Durkheim e Weber, Os 3 porquinhos.
Na minha mente de alguma forma eu associei as cores aos autores, Marx era vermelho, Durkheim era Azul, e Weber era verde.
 
Sempre vinculei o pensamento de Durkheim a busca da harmonia na sociedade, já Marx eu associava a transformação, a luta de classes, a busca pela ruptura de velhos paradigmas, e Weber para mim era alguém que buscava os sentidos e os rumos que a sociedade poderia ter.

Como três pensamentos distintos podem ter o poder de descrever o mundo?
Eu achava isso incrível e por vezes tentei destruir as “casas dos 3 porquinhos” usando o lobo mau da realidade. Mas sempre uma das “casas - teorias” deles ficava em pé.



Analogia que eu fazia com o conto dos três porquinhos, que cada um construiu uma casa de material diferente buscando resolver o mesmo problema, o lobo mau que para mim era a realidade, que destrói todo e qualquer idealismo ou pretensa visão de mundo que tente confinar a realidade. 
Mas aquelas cores?
Depois descobri que aqueles pontos eram pixels, e que cada um deles contém as três cores: azul, verde e vermelho e que combinando tonalidades dos três pontos é possível exibir pouco mais de 16.7 milhões de cores diferentes. Foi então que as coisas começaram a fazer mais sentido.
Da mesma forma que somente três cores tinham a capacidade de representar a realidade na tela da TV, os clássicos conseguiam representar de alguma forma uma teoria social que representaria a realidade social,  nem que fosse de maneira desbotada.

Entendi que a habilidade das três teorias clássicas consiste justamente na capacidade delas de serem distintas entre si, de interpretarem a realidade social de três pontos de vista diferentes. Assim como na história dos três porquinhos, duas das três casas poderiam cair, mas pelo menos uma ia ficar de pé e dar conta do recado, e pelo menos igualar força com a realidade cruel do lobo mau.  

sexta-feira, 21 de maio de 2010

E pela lei natural dos encontros......


Hoje as 15 horas da tarde, tive uma surpresa muito boa.
Jesus Marmarillo, um colega de óficio que eu não conhecia me adicionou no msn.
Então iniciamos uma conversa:

Jesus marmanillo diz:
beleza brother 
olhei seu blog,  por isso add

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
ok  :) vc gostou?

Jesus marmanillo diz:
tbm gosto de Sociologia, sim, iniciativa muito boa.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
obrigado, as coisas estão andando melhores do que eu esperava
é dificil fazer um blog que não tem mulheres nuas ter 10mil acessos em 9 meses..kkk

Jesus Marmanillo diz:
kak. Isso é verdade. se colocar uma mulher melancia ele explode de acessos hehehe. Mas gostei viu. É muito bacana ter espaços assim para  fazer contatos e  trocar idéias





 


Professor Pedro Jorge Mourão diz:
valeu, vc estuda ciências sociais?

Jesus Marmanillo diz:
sim sim, sou vizinho seu de Estado hehe
 sou da UFMA 






Professor Pedro Jorge Mourão diz:
ótimo, o encontro nacional foi ai.

Jesus Marmanillo diz:
sim, ano passado véio um professor dai pra cá. Professor Cesar Barreira, acho que é esse o nome.







Professor Pedro Jorge Mourão diz:
sim conheço. Ele é meu professor na pós-graduação na UFC

Jesus Marmanillo diz:
ai na banca de um colega veio a esposa dele.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Irlys Barreira

Jesus Marmanillo diz:
ele é pesado heim

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
kkk, sem dúvida.

Jesus Marmanillo diz:
o pessoal dai tem uma referência boa.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Ele estudou em Paris na mesma época que Bourdieu e Levi-Strauss estavam lá dando aula.




 



Jesus Marmanillo diz:
Então vc segue a mesma perspectiva analítica dele  ?

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
o homem é bom...mas também tem muita gente boa que está trabalhando por aqui

Jesus Marmanillo diz:
Aqui é tudo muito recente brother

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Mas não sigo ele, meu trabalho busca articular mais os saberes das ciências sociais como um todo. Eu quero quebrar um pouco com esse “sociologismo”.
E vc tá em que semestre Jesus?

Jesus Marmanillo diz:
o curso de graduação tem pouco mais de 20 anos e o mestrado ta na 7° turma agora

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
e vc Jesus?

Jesus Marmanillo diz:
Eu tô em casa só na dissertação mesmo.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
massa

Jesus Marmanillo diz:
sou Jesus mesmo hehehe

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
tbm estou na dissertação.
kkkkkk

Jesus Marmanillo diz:
massa. então vc sabe como é o aperreio né hehe

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
kkkkkkkkk nem me fale.
rapazzzzz
a coisa é osso, pesquisa de campo, leituras homéricas
e eu ainda estou dando aulas nas cidades do interior daqui em cursos de graduação, dai vc tira.


Jesus Marmanillo diz:
caramba

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
vida social zero

Jesus Marmanillo diz:
eu tô sofrendo muito, tentando aplicar o esquema do Bourdieu kk
minha orientadora é Bourdiesiana total

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
rapaz, te faço uma sugestão de leitura, eu tbm trabalho com o bourdieu, te um livro dele que ele explica direitinho o esquema dele.
O livro é "Coisas Ditas"






Jesus Marmanillo diz:
opa coisas ditas 

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
ele é confuso mesmo

Jesus Marmanillo diz:
tô naquela de  tentar fazer a historia social do problema, ai depois ver os agentes
e depois trajetória de vida.
rsrs
valeu pela dica ae brother.
 
Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Rapazzzzz
me diz qual é o tema da tua dissertação

Jesus Marmanillo diz:
é sobre a construção do movimento de reivindicação por moradia como causa legitima



 


Professor Pedro Jorge Mourão diz:
massa

Jesus Marmanillo diz:
hahaha

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Tema muito instigante e relevante

Jesus Marmanillo diz:
pois então, minha "missão" é tentar mostrar como as relações dos agentes  e o contexto historico favoreceram isso aqui em São Luís heheh

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Jesus se vc quiser pode mandar seu projeto para disponibilizar no blog


Jesus Marmanillo diz:
Pode ser.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
acho que é sempre bom a gente se integrar

Jesus Marmanillo diz:
Já pode auxiliar outras pessoas hehehe

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
principalmente novas pesquisas.

Jesus Marmanillo diz:
mas deixa eu dar uma corrigidinha nele, antes hehehe
ver alguns detalhezinhos de nada.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Tranqüilo.

Jesus Marmanillo diz:
kak, mas te mandarei sim.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
ótimo, eu posso postar nosso dialogo no blog?
Acho que isso é um encontro que deve ser publicizado
As pessoas precisam ver que não estão sós..Há outros como nós espalhados por ai trabalhando uma sociologia nova e eminentemente Nordestina.

Jesus Marmanillo diz:
Pode sim.
Tudo que favoreça o crescimento da sociologia local
está valendo.
 
Professor Pedro Jorge Mourão diz:
É isso ai

Jesus Marmanillo diz:
 o/

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Jesus, vc está em que semestre do mestrado?

Jesus Marmanillo diz:
Eu já terminei os créditos
Entrei no ano passado.
Agora estou correndo só na escrita mesmo.
Já fiz o estágio, tava participando do comitê editorial da revista nos 2 semestres passado.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Massa, ai é que o bicho pega..kkk

Jesus Marmanillo diz:
Fiz o trabalho de campo até mês passado
e agora é escrever e tentar apresentar algo

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
a temida qualificação kkk

Jesus Marmanillo diz:
Será em agosto,
e a sua qualificação será quando ou já foi ?

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Só em dezembro talvez.
eu entrei janeiro no mestrado

Jesus Marmanillo diz:
Também não está longe não rs rs

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
é kkkkk

Jesus Marmanillo diz:
Está pesquisa sobre o que, brother ?

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Estou pesquisando as trajetórias sócio históricas de 4 deputados estaduais do ceará






Jesus Marmanillo diz:
que massa 

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
é difícil

Jesus Marmanillo diz:
Hum, então creio que vc utilizará os quadros sinópticos do Bourdieu.
 
Professor Pedro Jorge Mourão diz:
é um campo hermético, acho que sim.
Mas estou "brigando" muito com Bourdieu ainda
não concordo com a perspectica reprodutivista dele.

Jesus Marmanillo diz:
as vezes causa um certo incômodo, por parecer algo determinista

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
exato
Jesus Marmanillo diz:
Quem está numa discussão com ele sobre isso é o Bernard Lahire.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Mas eu acho que o campo vai me dar boas respostas para isso.
Sim, Lahire é um dos autores que eu estou lendo agora, "retratos sociológicos".






Jesus Marmanillo diz:
esse mesmo kak. Fala sobre um determinismo disposicional.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
eu comprei faz pouco tempo mas já gostei das primeiras páginas que ele descreve o método.

Jesus Marmanillo diz:
a  ação determinada pela posição do agente heheh

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
sim, isso tem muito haver com o horizonte de possibilidades de cada agente social em determindo campo
Do Lahire eu gosto..kkkkkkkkkkkk

Jesus Marmanillo diz:
Eu já tentei jogar com o Norbert Elias e com o pessoal da Sociologia Histórica
pra tentar tirar um pouco essa peso sobre os agentes e relacioná-los com as conjunturas.



 


Professor Pedro Jorge Mourão diz:
somos dois então.

Jesus Marmanillo diz:
mas é muito díficil  para mim fazer isso.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Concordo contigo
Eu tô desconfiando que quem pode dar uma resposta pra isso  é a própria realidade da pesquisa. Eu já encontrei vários agentes que quebram a lógica da herança e estou pensando em aprofundar isso na conclusão como estratégia social, ou em políticas de ação afirmativa.

Jesus Marmanillo diz:
hum, tem isso tbm brother, as vezes o esquema analítico pode ser um obstáculo mesmo e se eu te disser que já tive vontade de fazer uma etnografia.
Esquecer de todas as grandes teorias e relatar as impressões de campo heheh




Professor Pedro Jorge Mourão diz:
eu acredito, porque na etnografia podemos ter uma visão melhor do campo
e se for bem feita os detalhes não se perdem tanto.
Eu tô misturando etnografia com história de vida
a etnografia pra dar um panorama e a história de vida para dar o foco


Jesus Marmanillo diz:
massa. Isso ae o/

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Jesus, fico muito feliz que você tenha me adicionado aqui e que tenha gostado do blog. Vou mudar o nome do blog para Ciência Social Nordeste.
kkkkk

Jesus Marmanillo diz:
kak
massa
Tem umas 3 pós graduações de ciências sociais no Nordeste 
MA  PB e RN eu acho hehe

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Ceará e Bahia, Sergipe tem um em antropologia

Jesus Marmanillo diz:
Pensei que no Ceará  era de Sociologia.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
Sim, e Piauí tem um de antropologia e arqueologia, bem bacana

Jesus Marmanillo diz:
AL tem um de Sociologia tbm.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
e tem um de Políticas Públicas também na UECE

Jesus Marmanillo diz:
massa

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
A coisa tá andando.
Vou voltar aqui para meus estudos.
Qualquer coisa pode mandar material para esse email que eu ponho lá no blog.

Jesus Marmanillo diz:
Tá legal brother, também vou dando uma saidinha.
Foi um prazerzão teclar contigo.

Professor Pedro Jorge Mourão diz:
O prazer foi meu também. 








Obrigado Jesus Marmanillo, e um abraço a todos os outros colegas do Maranhão e do Nordeste.


quinta-feira, 20 de maio de 2010

III Encontro da ULEPICC-Brasil União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura

De 20 a 22 de outubro, em São Cristóvão, nas dependências da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o capítulo Brasil da União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura (ULEPICC-Br) realizará seu III Encontro.

  Sob o tema geral A formação da Economia Política da Comunicação e da Cultura no Brasil e na América Latina: conquistas e desafios, o encontro reunirá estudiosos e pesquisadores do Brasil e do exterior para discutir a formação e desafios deste campo disciplinar em nossa sociedade, bem como sua contribuição para a construção de um pensamento crítico no campo da Comunicação e da Cultura.

O evento será composto por 4 painéis temáticos e pelas sessões de apresentação de trabalhos, divididas em 5 GTs:

1) Políticas de Comunicação;
2) Indústrias Midiáticas;
3) Comunicação Pública, Popular ou Alternativa;
4) Políticas Culturais e Economia da Cultura
5) Teorias e Temas Emergentes.

Comitê Científico  Coordenadora: Anita Simis - UNESP Alexandre Almeida Barbalho - UECE Carlos Eduardo Franciscato - UFS Juliano Maurício de Carvalho - UNESP Lilian Monteiro França - UFS Marcelo Kischinhevsky - UERJ Marcos Dantas - PUC/RJ Maria Teresa Miceli Kerbauy - UNESP Messiluce Hansen - UFS Ruy Sardinha Lopes - USP Sonia Aguiar - UFS Verlane Aragão Santos - UFS


Chamada de Resumos

Encontram-se abertas as inscrições de trabalhos para o III Encontro da ULEPICC-Br. Os(as) interessados(as) terão até o dia 31 de maio de 2010, para enviar aos coordenadores dos GTs resumo do trabalho.
Será admitida a inscrição de apenas um (01) trabalho por autor(a) ou co-autor(a) em todo o Encontro, em um dos seguintes Grupos de Trabalho (GTs):

GT1 - Políticas de comunicação
Juliano Maurício de Carvalho – UNESP (coordenador) juliano@faac.unesp.br
Messiluce Hansen – UFS / SE (coordenadora) messiluce@gmail.com
Objetiva estudar as ações de agentes públicos e privados relativas ao processo de regulamentação da mídia em suas diversas fases. Envolve a definição do conjunto de normas, princípios, deliberações e práticas sociais relacionadas com a administração, organização e funcionamento do conjunto do sistema comunicacional.

GT2 - Comunicação pública, popular ou alternativa
Marcos Dantas –  PUC / RJ (coordenador) mdantas@inventhar.com.br
Sonia Aguiar – UFS / SE (coordenadora) saguiar.ufs@uol.com.br
Contempla investigações sobre a comunicação desenvolvida no âmbito dos movimentos sociais, etnoculturais, dos sindicatos e organizações populares em geral, bem como aquela ligada ao serviço público. Aborda todo tipo de comunicação movida por objetivos sociais e de promoção da cidadania, atuantes em oposição à acentuada mercantilização da mídia.

GT3 – Indústrias Midiáticas
Maria Teresa Miceli Kerbauy – UNESP / Araraquara (coordenadora) kerbauy@travelnet.com.br
Carlos Eduardo Franciscato – UFS / SE (coordenador) cfranciscato@uol.com.br
Enfoca a rede institucional dos produtos comunicacionais que ligam a criação, produção, circulação, organização e comercialização de conteúdos de natureza cultural, informativa e de entretenimento. Engloba os processos industriais que envolvem televisão, cinema, rádio, internet, publicidade, produção editorial, indústria fonográfica, design, artes e espetáculos.

GT4 – Políticas Culturais e Economia da Cultura
Alexandre Almeida Barbalho – UECE / CE (coordenador) alexandrebarbalho@hotmail.com
Verlane Aragão Santos – UFS / SE (coordenadora) velorca@bol.com.br
Abriga pesquisas que retratam o papel econômico e sociológico que o campo da cultura e das artes assume na sociedade contemporânea. De um lado, engloba discussões sobre a atuação do Estado, da participação da sociedade e do mercado nesta relação, bem como os mecanismos de financeirização da cultura e das artes. De outro, debate a industrialização e mercantilização da cultura e sua implicação na dinâmica atual do capitalismo.

GT5 – Teorias e Temas Emergentes
Marcelo Kischinhevsky – UERJ / RJ (coordenador) marcelokisch@gmail.com
Lilian Monteiro França – UFS / SE (coordenadora) lilianfranc@uol.com.br
Acolhe os trabalhos de fundamentação a partir da matriz teórica da Economia Política da Comunicação e da Cultura, suas distintas vertentes e perspectivas metodológicas bem como os estudos comparativos e relacionais entre a Economia Política da Comunicação e outras correntes teóricas da comunicação e de outras disciplinas.

NORMAS PARA ENCAMINHAMENTO DOS RESUMOS
Os resumos deverão ser submetidos em português, em formato MS-Word (.doc), com extensão entre 500 e 800 palavras. Deverão estar escritos em Times New Romam, corpo 12, entrelinhas 1,5. Os resumos deverão conter de três a cinco referências bibliográficas (corpo 10, entrelinhas simples). O corpo do resumo deverá ser precedido por um cabeçalho (corpo 10, entrelinhas simples) contendo os seguintes itens:
III Encontro ULEPICC-Br
Título do trabalho:
Identificação do GT:
Autor:
Instituição de origem:
Endereço eletrônico:
Palavras-chaves (3 a 5):

Valores das inscrições (até 31/05, para quem for apresentar trabalho):
Profissionais, professores e pesquisadores: R$ 100,00 (não sócios) R$ 80,00 (sócios)
Estudantes de pós-graduação: R$ 50,00 (não sócios) R$ 40,00 (sócios)
Estudantes de Graduação: R$ 30,00

Outras informações sobre o evento, incluindo a programação completa, estarão disponíveis no site do III Encontro da ULEPICC-Br. AGUARDEM!!!

domingo, 16 de maio de 2010

Artigo da REVISTA ESCOLA NOVA - Edições Especiais - Grandes Pensadores

Estou disponibilizando aqui um 4 artigos que sairam na Revista ESCOLA NOVA edição especial #22.
Durkheim, August Comte, Karl Marx, e Antonio Gramsci.
Alias, essa revista está práticamente esgotada aqui em Fortaleza, sorte minha que uma amiga jornalista viu e comprou uma para mim. Abração Vanessa = )


 Émile Durkheim



Auguste Comte
 

  
 
Antonio Gramsci
 
Karl Marx
Excelente matéria, parabéns para a Revista Escola Nova e para os seus colaboradores.

Quem estiver interessado em ler o restante dos artigos basta clicar aqui

http://antigo.revistaescola.abril.com.br/ed_anteriores_especiais/Esp_022.shtml
ou
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes-especiais/022.shtml

Um susto



Assombroso, hoje notei que chegamos a marca de 10.000 visitas após 9 meses de fundação.
De fato assombroso.
Criei este blog em um fim de semana, com a intenção de treinar meu parco conhecimento sobre as ciências sociais.

Não posso dizer muito, só posso agradecer a todos que participaram desta trajetória.
Me sinto muito honrado em ter feito este diálogo com todos, através de emails do chat aqui ao lado e dos comentários.

Agora só posso dizer um obrigado a todos e que venham mais 10 MIL visitas e que venham mais 10 MIL vezes artigos, videos, entrevistas, projetos e COLABORADORES.

Vou deixar uma prêvia aqui. Estou entrevistando alguns dos expoentes em ciências sociais aqui do Ceará e em breve deixarei aqui essas entrevistas, os nomes dos entrevistados, contudo eu não posso revelar ainda....Outra boa notícia é que assumi uma disciplina na Universidade Aberta do Brasil como Professor/Tutor. Agora terei mais motivos para trabalhar ainda mais no blog, trazendo para cá mais matérias.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Chimamanda Adichie: O Perigo da história Única

Recebi mais um ótimo email da Professora Isabelle Braz Peixoto da Silva da UFC.

Como Nossas Vidas, as nossas culturas são compostas pela sobreposição de muitas Histórias. A romancista Chimamanda Adichie conta a história de como descobriu a sua "voz cultural" - e adverte que se ouvirmos apenas as histórias sobre outras pessoas ou país, arriscamos ter um desentendimento crítico de nos mesmos.

Chimamanda Adichie: O Perigo da história Única



 

Sobre Chimamanda Ngozi Adichie

Inspirada pela História da Nigéria e nas tragédias esquecidas pelas gerações ocidentais recentes, os romances de Ngozi Adichie Chimamanda são as jóias da coroa da literatura da diáspora. bio completa e mais links


Para quem gostou fica a dica, tem muito outras coisas no site...
Fonte:http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story.html

terça-feira, 11 de maio de 2010

I Ciclo de Debates em Ciências Politicas da UECE

I Ciclo de Debates em Ciências Politicas da UECE

18 de maio – O Novo Modelo de Desenvolvimento do Continente Africano

Palestrante:Professor Dr. Bosco Monte
Horário: 14 h

Debatedores: Prof. Josênio Parente(UECE), Prof. Filomeno(UECE) e Prof. Hermano Machado(UECE)


25 de maio - Politicas públicas e Inclusão Social: O empreendedor Individual.
Palestrante: Salmito Filho(Câmara dos Vereadores)
Horário: 9:30 h

Debatedores: Prof. Josênio Parente(UECE), Prof. Filomeno(UECE) e Prof. Hermano Machado(UECE)
15 de junho- Cultura Politica em transição: A Crise do Senado Federal

Palestrante: Professor Dr. Josênio Parente (UECE)
Horário:Horário: 14 h

22 de junho - O novo cenário mundial pós-crise.

Palestrante: Guilherme Cavalcante (UECE)
Horário: 14 h

20 de julho - A experiência no Brasil da democracia recente. 

Palestrante: Filomeno de Moraes.
Horário: 14 h

27 de julho - Eleições e Mídia no Ceará. 

Palestrante: Horácio Frota (UECE)
Horário: 14 h


24 de agosto - Juventude, Conflito e Políticas Públicas. 

Palestrante: Rosemary Almeida (UECE)
Horário: 14 h

31 de agosto-  Globalização e as Ciências Sociais em Boaventura de Sousa Santos. 

Palestrante: Alba Pinho (UFC)
Horário: 14 h



Local: Auditório do centro de Humanidades da UECE

Avenida Luciano Carneiro, 345 - Fátima - Fortaleza - Ceará


Evento com direito a certificado de extensão.


Inscrições pelo e-mail: democraciaeglobalizacao@gmail.com 
(Nome, Curso, Instituição, telefone e email).

 

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Napëpë na ordem do dia‏

Pessoal hoje recebi um email que dá continuidade ao assunto sobre o sangue indigenamostrado no Documentário "Napëpë"..
Segue abaixo o email como recebi.


ANDREA MURTA
da Folha, em Washington
Uma proposta de acordo enviada pelo governo brasileiro em março a cinco centros de pesquisa americanos está prestes a resolver uma polêmica mundial que começou há mais de quarenta anos entre geneticistas e antropólogos estrangeiros e índios ianomâmis.
A disputa tem origem em 1967, quando equipes lideradas pelo geneticista James Neel e pelo antropólogo Napoleon Chagnon recolheram milhares de amostras de sangue ianomâmi no Brasil e na Venezuela.
No ano 2000, o jornalista norte-americano Patrick Tierney os acusou em seu livro "Trevas no Eldorado" de, entre outras coisas, "comprar" o sangue com armas e presentes e conduzir pesquisas sem obter consentimento dos índios. Neel morreu naquele ano sem ter sido investigado. Chagnon foi inocentado pela Associação Americana Antropologia.
Além de levantar uma das maiores controvérsias éticas e científicas da antropologia ao redor do mundo, o livro horrorizou os ianomâmis ao apontar para a manutenção até hoje de sangue congelado de seus pais e avós em centros de pesquisa.
Lideranças ianomâmis tentam há anos reaver as amostras para finalizar rituais mortuários, mas os centros inicialmente resistiram a devolvê-las, não só por sua utilidade em pesquisas, como por temores de problemas na Justiça.
Sob pressão dos índios, o Ministério Público Federal de Roraima deu início em 2005 a um procedimento administrativo para recuperar as amostras.
Foram enviadas cartas a diversas instituições nos EUA, das quais cinco confirmaram ter material biológico ianomâmi em seu poder: Universidade do Estado da Pensilvânia (a Penn State), Instituto Nacional do Câncer, Universidade Binghamton, Universidade do Estado de Ohio e Universidade da Califórnia em Irvine.
Após anos de consultas, foi feita em março uma proposta de "Acordo de Transferência de Material" para a devolução das amostras ao Brasil. As universidades, cansadas da polêmica, indicaram disposição em ceder.
Desativação
A proposta prevê que os institutos seriam responsáveis por enviar o material a Washington, onde a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recolheria as amostras e as levaria ao Brasil. Todo o processo seria acompanhado por representante do Ministério Público, que depois atestaria o destino final do material conforme indicação dos índios.
O acordo indica que seria feita desativação microbiológica do material antes da devolução. Há preocupações com a destinação das amostras pelos índios e com uma possível contaminação -os ianomâmis têm o costume de queimar os restos de parentes e comer as cinzas.
Ainda estão sendo negociadas questões jurídicas e de manuseio. Algumas universidades procuraram a Embaixada do Brasil em Washington para pedir pequenos ajustes: o Instituto Nacional do Câncer, por exemplo, tem dúvidas sobre o processo de esterilização.
Ainda assim, segundo Alexandre Vidal Porto, ministro-conselheiro da embaixada brasileira, "a expectativa é que a questão seja resolvida no menor espaço de tempo possível e que as amostras de sangue sejam devolvidas aos índios ianomâmis o quanto antes".
Contatadas pela Folha, três das cinco universidades se disseram ansiosas pela resolução da controvérsia e confirmaram a intenção de devolver as amostras rapidamente.
A Universidade do Estado de Ohio e a Universidade da Califórnia em Irvine, aparentemente a mais reticente quanto ao acordo, não haviam respondido aos pedidos de informação da reportagem até o fechamento desta edição.
O professor Kenneth Weiss, do departamento de antropologia da Universidade Penn State, disse que não há mais controvérsia sobre a devolução e que a questão é apenas legal.
"O acordo está sendo avaliado por advogados da universidade; depois disso, quero garantir que não haverá riscos biológicos de contaminação."
Ele diz que não tem indicação de que as amostras seriam perigosas, mas que é possível que parasitas e bactérias tenham sobrevivido congelados através dos anos.
Perda científica
Weiss afirma que o uso das amostras em pesquisas da Penn State foi interrompido cerca de um ano após a publicação do livro de Tierney. Do ponto de vista científico, ele crê que a devolução é uma perda.
"Não há valor financeiro [nas amostras], mas muito valor para a compreensão de como populações viviam no passado. Se os ianomâmis concordassem, eu adoraria manter e usar as amostras", explica.

O Instituto Nacional do Câncer disse que "está ansioso para completar o acordo e devolver as amostras" para o Brasil.
Karen Pitt, assistente especial para recursos biológicos do instituto, confirmou que o sangue ianomâmi foi usado em alguns estudos, que resultaram na publicação de dois artigos. Mas disse que "o uso foi bloqueado assim que ficou claro que o governo brasileiro estava interessado em reaver as amostras, em 2005 ou 2006".
Gerald Sonnenfeld, vice-presidente de pesquisa da Universidade Binghamton, disse que seus cientistas aceitaram devolver as amostras há muitos anos. "Estivemos esperando que o governo brasileiro nos dissesse como proceder, e estamos satisfeitos por ver a questão sendo resolvida agora."

domingo, 9 de maio de 2010

O estrategista do 'não'



 FONTE:http://opovo.uol.com.br/opovo/paginasazuis/979388.html
Érico Firmo
ericofirmo@opovo.com.br
03 Mai 2010 - 02h50min

Chico Santa Rita é um homem afeito a polêmicas. Foi o marqueteiro de Fernando Collor na reta final da campanha de 1989, quando colocou no ar a ex-namorada de Lula denunciando suposto pedido para que abortasse seu bebê, feito anos antes pelo então candidato que, 13 anos depois, seria eleito presidente.

Foi também o homem que comandou as campanhas vitoriosas nas duas consultas populares realizadas no Brasil desde a redemocratização: o plebiscito sobre a forma de governo, em 1993, no qual fez a campanha do presidencialismo, e o referendo do desarmamento, em 2005, quando comandou a surpreendente vitória do ``não``.

São apenas os momentos mais marcantes da trajetória de quem ajudou a eleger prefeitos, deputados, senadores e governadores - alguns igualmente polêmicos, como Orestes Quércia (1987-1990) e Luiz Antônio Fleury Filho (1991-1994), ambos em São Paulo.

É também um homem com ideias muito próprias sobre campanhas eleitorais, tanto do ponto de vista da estratégia quanto da ética. Critica programas ``embonecados`` e ``ostentadores``, relativiza o espaço da emoção e defende a necessidade de se usar a razão como alicerce da propaganda política. E rebate que o político seja um produto como outro qualquer.

Compra brigas ao renegar o envolvimento do marqueteiro com a captação de dinheiro. ``Não sou Marcos Valério! Não sou Duda Mendonça!``, brada durante diálogo que narra em seu último livro, Novas Batalhas Eleitorais (Ediouro, 2008).

E admite até certo amadorismo na forma de agir ao enfatizar, como princípio, que só trabalharia para um candidato a quem daria seu voto. Envolvimento que comprova quando, apesar de deixar claro o desconforto ao ser lembrado como ``marqueteiro do Collor``, defende o trabalho realizado naquela campanha, na qual entrou nas duas últimas semanas, com a missão de frear o crescimento de Lula.

Em meio a todas as facetas, destaca-se a visão da política como uma arena e da eleição como uma guerra. E calcula cada movimento meticulosamente, como os grandes generais do passado.

Agora, admite entrar nesse campo de batalha num novo papel: pensa na hipótese, que considera ainda remota, de ser candidato a deputado federal, pelo PV de São Paulo.

O POVO - Há um personagem que permeia alguns momentos importantes do seu último livro, a partir logo do início, que é o Duda Mendonça. O senhor faz alguns elogios à condução dele da campanha vitoriosa do Lula em 2002, mas faz muitas críticas à postura dele, ética sobretudo. O senhor se considera um anti-Duda Mendonça?
Chico Santa Rita - Acho que não permeia. Falo em um momento só, depois eu conto outras histórias. Falo num momento só, exatamente falando dos escândalos do marketing político (Nota do redator: além do envolvimento com o mensalão, abordado logo no início do livro, Duda também é citado no meio do livro, quando Santa Rita fala da campanha presidencial de 2002, e, perto do fim, quando é mencionada a campanha de 1998 em Minas Gerais). Eu não me coloco como anti nada. Não me coloco como anti-Duda Mendonça. Aliás, uma coisa que precisa ficar clara é que eu tenho a minha história, ele tem a dele, e eu a respeito como marqueteiro. Apenas em todas as campanhas em que eu o enfrentei eu ganhei. Todas, 100%. Ele não tem uma vitória sequer para contar sobre mim. Sendo que tem uma campanha importantíssima foi a campanha para governador de São Paulo (1990). Ele fazia (Paulo) Maluf, eu fazia (Luiz Antônio) Fleury (Filho). Outra campanha importantíssima foi a campanha do plebiscito que decidiu a forma de governo. Ele fazia o parlamentarismo, charmoso. Eu fazia o presidencialismo. Não tenho nada contra, não. Eu quero que ele cuide da vida dele que eu cuido da minha.

OP - Em seu livro, o senhor faz uma divisão entre bons publicitários e bons profissionais de marketing político. O que é exatamente que os diferencia?
Santa Rita - Já vi publicitário dizendo que candidato é um produto como outro qualquer. Muita gente fala isso. Hoje está provado, e eu já venho falando isso há muitos anos, hoje está comprovado cientificamente que candidato não é produto. Até porque a forma mental de a pessoa escolher um produto é diferente da forma mental como ela escolhe um candidato. O produto é escolhido por processos emocionais. Que são quais: hábito de consumo, ou é um anúncio que viu na televisão. O candidato é escolhido dentro de um processo de conscientização. Ninguém chega na maquininha de votar e tem um impulso para votar nesse ou então naquele outro. A pessoa passa por um processo de conscientização. Eu digo que as pessoas passam, as pessoas normais, que não são nós. Nós sabemos explicar, temos uma cabeça feita. Agora, as pessoas normais, elas passam por um processo de conscientização. Se o processo é diferente, a forma de você interagir com esse processo tem de ser diferente. Toda vez que eu pego uma campanha absolutamente publicitária na minha frente, eu morro de alegria, porque eu sei aonde que eu vou pegar o sujeito.

OP - O senhor, quando escreve sobre a campanha do Geraldo Alckmin à Presidência em 2006, deixa a nítida impressão de que era possível para a oposição bater o Lula. O livro é de 2008. De lá para cá, o Lula se tornou um fenômeno de popularidade sem precedentes e o Alckmin nem sequer chegou ao segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo, em 2008. O senhor não subestimou a força do Lula em alguma medida?
Santa Rita - Não. Naquele momento, eu estava indo para Brasília e no aeroporto encontrei com um editor da Folha de S.Paulo. E ele me perguntou como é que eu estava vendo a campanha. Eu disse a ele que estava vendo uma vitória mais ou menos tranquila do Lula, até porque a campanha do Alckmin era uma sucessão monumental de erros estratégicos de campanha. Isso numa conversa. Ele disse assim: ``Você escreve e assina isso? Eu publico na Folha``. Eu respondi: ``Escrevo e assino``. Tanto é que foi publicado antes, um artigo chamado Crônica de um naufrágio anunciado. O que eu vejo ali é que havia um erro fundamental estratégico: a campanha do Alckmin veio discutir obras com o Lula. Alckmin governador de São Paulo, Lula presidente. No mínimo, no mínimo, no mínimo, Lula tinha muito mais para mostrar do que Alckmin. E mais: uma campanha (do Lula) absolutamente correta, com um bom slogan, uma grande música: ``É Lula de novo, com a força do povo``. Uma coisa muito forte. Enquanto o Alckmin ficava mostrando obras. Eu acho que o tom daquela campanha, para o Alckmin ter alguma chance, teria de ser não uma questão funcional obrística, mas a questão ética e moral. O governo tinha passado por um escândalo, o maior que já houve na história do Brasil, o escândalo do mensalão. Isso não foi sequer levantado na campanha. Um esquema do mensalão que chegou às barbas do presidente, que os principais assessores dele estavam envolvidos, que não é possível a pessoa achar que só ele não sabia. O problema da campanha não era quem faz mais obra e quem tem capacidade de fazer mais obra. Era quem tem capacidade de ter um governo moralmente mais correto. Ético. A estratégia estava completamente equivocada.

OP - Mesmo com esse ajuste de estratégia, hoje, olhando pelo retrovisor, observando a popularidade que o Lula adquiriu, que é verdade que não é a mesma daquele momento, a impressão que fica é que o Lula era imbatível.
Santa Rita - Essas coisas, passados quatro anos, mudam. É um condicional: ``E se?`` Eu tenho na minha história muitas campanhas que eram também dadas como campanhas perdidas. E nós fomos atrás e fomos buscar, dentro de uma boa estratégia de marketing. É muito subjetivo dizer: ``E se?`` Alckmin, veja bem, ele foi para o segundo turno e conseguiu a proeza monumental de ter menos votos no segundo turno do que no primeiro.

OP - Como se explica isso?
Santa Rita - Campanha equivocada. Eu te dou como exemplo contrário a campanha do referendo sobre a venda de armas. Eu peguei uma situação que era 76% a 18% (a favor do sim à proibição da venda de armas e munição no Brasil), Datafolha, e virou 64% a 36% (a favor do não) no resultado. Nós soubemos, eu e minha equipe soubemos montar a estratégia correta e bater na coisa correta. E desmistificar uma coisa que era uma mentira. Porque falava em desarmamento numa coisa que não tinha desarmamento. Não ia desarmar ninguém, não era essa a questão. O que a pessoa ia votar era se era a favor ou contra a venda legal de armas. Porque, desarmamento pelo desarmamento, eu sou a favor do desarmamento. Agora, eu era contra uma mentira, que tentava se colocar para a população uma coisa que não existia. E se a campanha tivesse sido diferente? Talvez aquele desarmamento que não era desarmamento passasse com tranquilidade.

OP - O senhor fez as campanhas que venceram as duas consultas populares que houve desde a redemocratização. O senhor usou inclusive gente da mesma equipe do plebiscito de 1993 no referendo de 2005.
Santa Rita - Não foi a mesma equipe, mas houve algumas coincidências. O diretor de TV, Fernando Waisberg, e a minha assistente, Ana Maria Tebar. O restante era tudo equipe nova. Toda renovada. A parte dos editores era completamente diferente. E o espírito da campanha foi completamente diferente. A campanha do presidencialismo demonstrava que, num país como o Brasil, é um risco você levar para o Congresso a capacidade de escolher o governante. E aí, também, você tiraria da pessoa (o poder de decisão). Eu vejo pelo voto um respeito muito grande. É o momento em que todos são iguais. O voto vale um, seja o voto do rico, seja o voto do pobre, seja o voto do sujeito mais escolado ou menos escolado. É o momento em que a democracia se faz mais plena. Você querer tirar isso... E, na outra campanha, eu fiz uma demonstração clara de que aquele desarmamento não existia. E bati muito na questão do direito individual.

OP - O que há de específico nesse tipo de campanha, plebiscito e referendo, em relação a campanhas convencionais?
Santa Rita - Elas são mais difíceis, até, porque são campanhas sem candidatos. Você está trabalhando uma ideia. Quando você tem um candidato, ele sempre incorpora, ele, as ideias que ele vai trazer para a prefeitura, para o governo do estado, para a Presidência da República. Mas a ideia é sempre, pelo princípio, uma coisa subjetiva, que você pode discutir. Não tem uma pessoa que encarne essa ideia.

OP - Para a próxima campanha, o que o senhor está achando da disputa José Serra x Dilma Rousseff?
Santa Rita - Eu vejo uma campanha muito difícil. São dois candidatos complicados. Você tem a candidata Dilma, que precisa mostrar que é capaz por si só, em determinado momento. O empuxo do Lula, graças à boa administração do Lula, ao belo governo que o Lula fez, o empuxo do Lula é importante. Mas ele para num determinado momento, como indicação. As pessoas sabem que a candidata que é apoiada vai ter de governar. O Lula vai sair fora. Então as pessoas passam, num determinado momento, a exigir, a pedir que ela mostre o que é por si só. E ela é uma candidata difícil. Ela tem ido a programa de televisão, fala bobagem. Vejo-a com dificuldade de falar sozinha, quando não tem o apoio do Lula. Isso a candidatura Dilma. A candidatura Serra, eu vejo com dificuldade porque ele é uma pessoa que encarna uma coisa que é muito pesada para o resto do Brasil, uma coisa ofensivamente paulista. E é um sentimento da campanha brasileira ser uma campanha que fale para todo mundo, você tem de ter essa linguagem que fale para o Brasil todo. E São Paulo, pela sua história & não estou dizendo que isso seja verdade ou não, estou dando uma constatação & acaba sendo visto como um certo imperialismo paulista, entre aspas. Que vem São Paulo, com toda sua pujança, para querer mandar no Brasil. O Serra consegue encarnar muito fortemente isso. A tendência é eles (Dilma e Serra) ficarem nessa gangorra. A tendência é continuar.

OP - Qual o caminho para superar essas fraquezas?
Santa Rita - Eu não vou ensinar o caminho das pedras não recebendo para isso. Segundo, eu não gosto de colocar: e se eu estivesse... Não vou dar uma receita. Se eles quiserem uma receita, eles que me contratem (risos). Não me peça para dar a única coisa que eu tenho para vender.

OP - E a Marina Silva, no meio desse embate entre Serra e Dilma?
Santa Rita - A Marina vai ser vítima do desconhecimento dela e de um absurdo que é uma lei eleitoral maluca que a gente tem nesse país. A Marina é uma pessoa desconhecida ainda, bastante desconhecida. Ela precisaria de tempo na televisão para se mostrar. O tempo do PV é muito pequeno perto dos grandes partidos, na parte que é definida pela representação no Congresso. Mas uma parte do tempo é definida pelo número de candidatos. Esse tempo é de 10 minutos. O que o pessoal da Dilma, de um lado, e do Serra, de outro, estão fazendo? Eles estão incentivando, e pagando, candidatos inexpressivos para que lancem suas candidaturas. Se fossem só três candidatos, esses 10 minutos, você dividiria por três, você tinha 3min20seg para cada um, e aí a Marina teria um tempo maior, de quatro a cinco minutos para se mostrar. Aí nós vamos ter uma campanha suja na televisão, com candidatos inexpressivos. Divide-se o tempo de 10 minutos entre 15, 18 candidatos, a Marina vai ficar com 30 segundos, com mais 30 e pouco do partido, vai ficar com um minuto, só. Problemas de uma lei eleitoral, que nem é uma lei. É uma colcha de retalhos de resoluções. Você tem situações muito estranhas provocadas pela lei eleitoral. Vou te dar um exemplo. Aqui no Ceará, o Cid (Gomes, governador) é candidato natural. Não há ainda nem definição de adversários dele. Ele continua no governo, vai ficar no governo até a eleição, candidatando-se à reeleição. Vamos supor, por hipótese, que a prefeita Luizianne (Lins, do PT) quisesse ser candidata ao Governo. Está acoplado o partido dela (a Cid), mas vamos supor, por hipótese. O que a Luizianne teria de fazer? Teria de ter renunciado, logo no início de abril. Veja que discrepância, veja que coisa maluca. E a lei eleitoral é cheia dessas coisas. Está acontecendo em outros lugares do Brasil. Aconteceu na campanha do Alckmin. O Lula permaneceu no Governo e o Alckmin teve de renunciar ao Governo de São Paulo. Esse é o problema de uma lei eleitoral estapafúrdia que a gente tem, feita por meia dúzia de imbecis, que não sabem o que está acontecendo na realidade da vida brasileira.

OP - O senhor já definiu o que vai fazer nessa campanha?
Santa Rita - Eu tenho uma campanha já em andamento, no Mato Grosso do Sul, de reeleição do governador (André Puccinelli, do PMDB) e dos senadores. Tem algumas outras negociações. Tem até uma hipótese aí que eu vou estudar, uma possibilidade, remota, não sei até que ponto vai isso aí, de eu mesmo ser candidato a deputado federal (Santa Rita é filiado ao PV de São Paulo). Às vezes me dá vontade porque pode ser um momento em que eu coloque para valer uma voz alta contra essas coisas absurdas que a gente vê.

OP - O episódio no qual a Marta Suplicy (PT) fez o que foi interpretado como insinuações à sexualidade de Gilberto Kassab (DEM) na campanha de 2008 para a Prefeitura de São Paulo, aproxima-se e se afasta em que aspectos do episódio no qual o senhor colocou a ex-namorada do Lula na campanha de 1989?
Santa Rita - Não tem nada a ver uma coisa com a outra. Eu acho lamentável o episódio da Marta porque ela faz uma acusação absolutamente sem nenhum fundamento. Eu digo sempre que a vida do homem público é pública. Então o homem público tem de ter cuidado com suas posturas, porque a vida do homem público é pública. Você pode querer discutir eticamente o episódio de 89. O que não se discutiu em nenhum momento é que aquilo fosse mentira. Houve realmente uma tentativa de aborto, houve o abandono da filha. O que você não pode é falar sobre suposições, como a Marta falou de suposições não provadas. Que eu mesmo não sei se são verdade ou são mentira. Então você levanta um falso testemunho. De resto, se o porteiro do hotel chegar em casa hoje e a mulher dele achar que ele está saindo com outra, avançar para cima dele e eles se estapearem, isso vai dar, no máximo, uma notinha de pé de página no teu jornal amanhã. Se um deputado fizer isso, vai dar uma notícia manchete.

OP - Mas não há um limite do que pode ser explorado na vida pessoal?
Santa Rita - Há o limite: a verdade. A verdade é o limite da ética. Contra a verdade, você não tem alternativa, não tem discussão. O que você não pode é mentir, iludir.

OP - O próprio leitor de hoje não iria repelir, repudiar aquele uso da ex-namorada do Lula na campanha?
Santa Rita - Cada campanha é uma campanha, cada momento é um momento. Essas questões acontecem no mundo inteiro. Você não viu o (Bill) Clinton, que foi um presidente (dos Estados Unidos) aclamado, tendo um caso com uma estagiária? Você não viu lá na Europa o presidente francês com problemas, primeiro-ministro inglês com problemas? E acaba indo para a mídia. O que você não pode é forjar uma situação e inventar um caso desses. O limite da ética, para mim, é a verdade.

OP - O senhor conta no livro que, logo que o Collor tomou posse, afastou-se porque viu que teria de se envolver em um esquema de corrupção para participar daquilo. Deu para perceber tão cedo?
Santa Rita - Na primeira concorrência que teve. Veja, Érico, eu era diretor de uma produtora chamada TVT. Era, na época, a maior produtora brasileira de vídeos. A mais bem aparelhada. Na primeira concorrência que teve para uma série de comerciais, a coisa era insuportável, aquele volume de corrupção. Nesse nível de corrupção, só tem duas alternativas. Ou você entra no esquema ou você sai do esquema. Você não entra no esquema. E havia até sócios meus, na época, que achavam que a gente devia entrar, porque era muito dinheiro. E eu fui contra. Durante os dois anos e meio do governo Collor, a TVT não fez um filme, nem para Banco do Brasil, nem para Petrobras, nem vídeo institucional para ministério. Nada, nada, nada. Zero, absolutamente zero. Porque não é do meu jeito, do meu caráter me meter nesse tipo de coisa. As pessoas falam muito hoje da campanha, ``ah, porque a campanha...`` Parece que a campanha é o grande foco de corrupção. Na campanha, você tem uma questão, que são as doações não registradas. As campanhas em geral, fora campanha de presidente, de governador, do governador que está (no cargo), você tem aí 20 campanhas grandes no Brasil. O resto é tudo uma dificuldade para conseguir dinheiro. Onde é que está o grande problema? Depois, quando vai para o governo. Aí é que tem as grandes contas. O que acontece é que muitos governos fazem caixa para depois fazer a campanha. O grande problema não está na campanha. O problema está no governo.

PERFIL

Chico Santa Rita nasceu em 1939. Jornalista e publicitário, trabalhou, entre outras empresas, na Editora Abril e na TV Globo. Além das campanhas abordadas na entrevista, comandou, dentre muitas outras, o marketing da candidatura presidencial de Ulysses Guimarães (1989) e de Yeda Crusius ao Governo do Rio Grande do Sul (2006). Esta última, sem receber, ele abandonou antes do fim


Chico Santa Rita mencionou a possibilidade, remota, segundo diz, de ser candidato a deputado federal. Ele é filiado ao PV de São Paulo, o primeiro partido ao qual pertence. Mas ressalta que não entrou na carona de Marina Silva. Filiou-se antes dela

Santa Rita conversou com O POVO logo antes de sua palestra no Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político, realizado há pouco mais de uma semana em Fortaleza. Ele fez a palestra de encerramento

Quando você tem um candidato, ele sempre incorpora, ele, as ideias. Mas a ideia é sempre, pelo princípio, uma coisa subjetiva, que você pode discutir. Não tem uma pessoa que encarne

Parece que a campanha é o grande foco de corrupção. O grande problema não está na campanha. O problema está no governo

Batalhas Eleitorais (Geração Editorial, 2001), primeiro livro escrito por Chico Santa Rita, está esgotado, mas encontra-se disponível para download na íntegra no site do autor, no endereço
www.chicosantarita.com.br/livro/LivroBatalhasEleitoraisOriginal.pdf