quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Contrariando o nu na festa “pop”, do Rock in Rio. O sonho acabou!


Contrariando o nu na festa “pop”, do Rock in Rio. O sonho acabou!

Ubiracy de Souza Braga*


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* Sociólogo (UFF), Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual do Ceará (UECE).





Em meio a milhares de camisetas negras, a cor predominante na noite do metal no Rock in Rio, grupos de evangélicos respondiam ao slogan do evento. “Por Um Mundo Melhor? Só Jesus”, diziam as faixas espalhas pelo local na noite de ontem (25) na Cidade do Rock. A noite do metal teve como principal atração a banda Metallica, além do grupo Slipknot, Sepultura e Motörhead. Em meio à mensagem dos evangélicos (cf. Braga, 2007; 2010), outras mais sombrias estampavam as camisetas dos presentes, com frases como “o martelo da justiça vai te esmigalhar” e “perder toda a esperança é alcançar a verdadeira liberdade”.
Caveiras também eram imagens comuns na noite de ontem. Al Qaeda, a seleção da Alemanha, o Cristo Redentor e “Seu Madruga” também decoraram as roupas dos fãs de heavy metal no Rock in Rio.Algumas bandas menos cotadas tiveram que tocar clássicos do gênero para agradar ao ressabiado público “metaleiro”. Outras apelaram para estripulias físicas, como um salto de quase quatro metros para ganhar os fãs de vez.Mas, segundo informações do G1, o Metallica não decepcionou a maioria das cem mil pessoas que estiveram na Cidade do Rock para ver a banda. Foram mais de duas horas e diversos hits de diferentes fases da banda de heavy metal. Um dos maiores sucessos, “Enter Sandman”, levou a plateia ao delírio.
            No Palco Sunset, sob o céu nublado e tempo ameno, houve o encontro de Matanzae B Negão, seguido por Korzus com o The Punk Metal Allstars. No mesmo palco, o Angra dividiu o show com a ex-vocalista do Nightwish, a finlandesa Tarja Turunen. Quem encerrou o Palco Sunset, com 1h30 de atraso por causa de problemas técnicos, foi o Sepultura com o grupo de percussão francês TamboursduBronx, que tiveram ainda a participação de Mike Patton, do Faith No More. Já no Palco Mundo, as bandas de menos renome só se saíram bem tocando covers: os paulistanos do Glória, hostilizados pelo público, optaram por um tributo a banda Pantera, e os nova-iorquinos do CoheedandCambria, apesar de bem recebidos, só ganhou o público ao fazer uma versão de “The Trooper”, do Iron Maiden, o que dispensa-nos de comentários.
            Enquanto milhares se preparam para os shows como de Katy Perry, Rihanna, Red Hot Chili Peppers, mais de 300 jovens evangélicos vestem a camisa de “Jesus” para evangelizar no Rock in Rio, o público do Rock in Rio Lisboa em 2010.O grupo é o “Juventude Vitória em Cristo” da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo cujos membros vestem a camiseta: “Um mundo melhor, só com Jesus”, prontos para trazer para Cristo os jovens do Rock in Rio. O lugar de encontro é na Advec do Recreio, e os participantes se munem com blusas, faixas e panfletos, para realizar o trabalho evangelístico em sinais de trânsito, em ruas próximas à Cidade do Rock e em frente ao local do show.

Foto: Reuters

O anarquismo (cf. Woodcock, 1962; 2002) desde seu surgimento possui diversas associações com as artes, particularmente com a música e a literatura. A influência do pensamento libertário não é sempre diretamente relacionada a um conjunto de imagens específicas ou figuras públicas, mas pode ser vista em certa instância, em torno da “libertação máxima dos seres humanos em conjunto ou individualmente, em relação ao seu poder de expressão, criatividade e imaginação”. É necessário, porém, não permitir que o caráter intelectual que gira entorno das obras acabe gerando discriminações, seja dentro ou fora do meio artístico.O anarco-pacifismo, também conhecido como “anarquismo pacifista” apesar de classicamente não se colocar no campo do anarquismo, é assim chamado por alguns adeptos da “ação direta”por ter algumas proximidades com o projeto libertário.
Esta linha de intervenção posiciona-se contra qualquer tipo de violência como meio de se concretizar a transformação social radical, e tem como um dos principais conceitos a desobediência civil.O seu maior predecessor foi Henry David Thoreau, que através de seu trabalho “A Desobediência Civil” influenciou homens como Liev Tolstói e Mahatma Gandhi. O maior expoente dessa linha foi Tolstói, mas o “próprio nunca se reivindicou anarquista e seus seguidores na Rússia”. Eles eram principalmente camponeses, e baseavam-se em uma interpretação do cristianismo que rejeitava qualquer autoridade coerciva. Eles eram ativos pela Rússia e seguiam uma dieta vegetariana estrita. Foram inicialmente perseguidos pelo Estado Czarista, por recusarem sua autoridade. Após a Revolução Bolchevique, foram alvos de repressão, por recusarem esse governo assim como o anterior. A maioria deles foi morta no governo de V.I. Lenin e Joseph Stalin.
Se jamais houve um verdadeiro individualista, foi Henry David Thoreau. Como lembrou seu amigo, o poeta, ensaísta e filósofo Ralph Waldo Emerson, “ele não foi feito para nenhuma profissão; nunca se casou; viveu sozinho; nunca foi à igreja; nunca votou; recusava-se a pagar tributos ao Estado; não comia carne; não bebia vinho; nunca conheceu o uso do tabaco; e, embora fosse um naturalista, não usava armadilha ou arma”. Ele escolheu, sabiamente para si mesmo, sem dúvida, ser “bacharel do pensamento e da natureza”. Ele não tinha “nenhum talento para a riqueza, e sabia ser pobre sem o menor sinal de sujeira ou deselegância”. Emerson poderia ter acrescentado que Thoreau condenou a guerra e ajudou escravos fugidos. O poeta americano Walt Whitman confidenciou que “uma coisa em Thoreau o mantém muito próximo de mim: refiro-me à sua falta de leis - sua discordância - o fato de seguir absolutamente seu próprio caminho, quaisquer que sejam as consequências”.
Historicamente falando, recorde-se que o anarquismo tinha ganhado raízes em Ascona desde que em 1869 o célebre anarquista russo Mikhail Bakunin tinha vindo residir para aqui como refugiado político. Também pouco tempo depois começaram a chegar outros refugiados com projetos distintos, como o de fundar um convento laico com o nome de Fraternitas, por iniciativa de teósofos como Alfredo Pioda e Franz Hartmann, justamente nas montanhas de Ascona, que receberiam então, mais tarde, o nome de Monte Verità.Em novembro de 1900, Ida Hofmann(feminista, anarquista, professora de piano nascida na Áustria em 1864), Henry Oedenkoven (1875-1935), Gustav Gräser, LotteHattemer, Karl Gräser y Jenny Hofmann decidem criar uma comunidade autárquica e libertária que os afastasse da civilização. Chamaram ao seu projeto de Cooperativa Vegetariana Monte Verità. Escolheram Ascona porque descobriram que na região residiam grupos isolados que viviam quase que em clandestinidade. Além disso, discordavam profundamente do rumo que as sociedades ocidentais estavam a tomar. Decidiram então adoptar a chamada “terceira via”, conhecida na Alemanha como Lebensreform, ou “Reforma da vida”, que tinha como antecedente o pensamento de Bernstein.
Muitos jovens da pequena burguesia europeia que não desejavam transformações profundas na economia sentiram-se atraídos por este projeto. Tal foi o caso do casal Ida Hofmann e Henry Oedenkoven, ela professora e, ele, jovem herdeiro. Também as ideias de Karl Graser influenciaram o grupo. Graser preconizava que as reformas de vida se devia inspirar no livro Émile, de Jean Jaques Rousseau, bem como na ideia de Tolstoi, para quem o homem deve seguir aquilo que a sua consciência determina.O irmão de Karl, o poeta e pintor Gustav Graser, com 21 anos, e a irmã de Ida, Jenny, foram os dois elementos mais radicais de todo o grupo. Gustav tinha pertencido a vários círculos boêmios da Alemanha. Mais tarde, Hermann Hesse converter-se-ia num dos seus discípulos.
Na região sul dos Alpes suíços, o Ticino, localiza-se vários lagos da Suíça italiana, entre eles o Lago Maggiore, imponente pela sua extensão e por se achar encravado no coração dos Alpes. Chegar às aldeias ribeirinhas do lago é como aterrar numa espécie de oásis, no meio de uma paisagem tropical, cujos grandes picos se refletem na superfície brilhante dos lagos. No século XIX, várias povoações estabeleceram-se ao seu redor, entre elas a comunidade de Ascona. A região está dotada de um clima subtropical muito diferente das temperaturas extremas do resto da Suíça. A riqueza mineral é enorme e dá ao lugar um magnetismo especial que propicia o aparecimento de inumeráveis lendas. A região adquiriu um prestígio de paraíso terrestre, quase mágico. E rapidamente começou a receber refugiados políticos e pensadores que fugiam da atribulada vida das grandes cidades europeias, ao que contribuía a tradicional neutralidade Suíça face aos conflitos do resto da Europa.
Um lendário personagem do Monte Verità foi o médico anarquista Dr. Raphael Friedeberg, que atraiu, a partir de 1905, uma colónia de outros anarquistas. Tinha sido militante do Partido Socialdemocrata Alemão, e pensou em Ascona como o local ideal para criar uma comunidade anarco-reformista baseada no conceito criado por ele mesmo: o psiquismo histórico. Esta ideia postulava que a libertação do indivíduo podia dar-se a partir de uma educação não coerciva, livre do dogmatismo sócio religioso da burguesia. Friedeberg desenvolveu a medicina natural ao longo de 35 anos, e nunca deixou de polemizar com a medicina científica, apesar da fama e do prestígio desta. Outros anarquistas ligados ao Monte Verità foram Erich Musham Fritz Brupbacher, Kropotkine, Ernst Frick, o boémio psicanalista JohanesNohl, o psicanalista austríaco Otto Gross, que procurou fundar no Monte Verità um matriarcado naturista e comunista.
Erich Müsham tornou-se, no entanto, num crítico ferrenho da comunidade. Para ele havia uma terrível contradição no objetivo de criar uma colónia autárquica inspirada em princípios comunistas. Quando observava a convivência no grupo, alertava: “Todas as colónias comunistas que não se apoiem numa orientação revolucionária socialista terminarão no fracasso, sobretudo quando os laços que unem os participantes são tão insignificantes como os princípios vegetarianos”. Em 1909 Monte Verità contava cerca de 200 residentes e um número aproximado de opiniões. A maioria eram seguidores do teosofismo, enquanto uma parte minoritária estava próxima do antroposofismo de Rudolf Steiner. Ainda que Ida e Henry não fossem teosóficos, partilhavam também o interesse pela mitologia e reencontro das religiões orientais, sobretudo o hinduísmo e budismo.A criação em 1910 da Escola da Nova Vida, dirigida por Rudolf vonLaban e da sua ajudante Mary Wigman, trouxe ao Monte Verità uma fase de grande ebulição artística; a escola estava próxima da ideia da reforma do corpo e do espírito que preconizava Hofmann. Nesses anos o dadaísmo não deixou de marcar presença com a chegada de Hans Arp e da sua mulher Sophie Taeureb.
Os habitantes de Ascona deram aos monteveritanos o nome de “balabiott”, que significa “dançam nus”. Alguns velhos habitantes recordam: “Aqueles nórdicos (alemães, suíços, holandeses, ingleses) faziam festas durante noites inteiras, e durante as quais dançavam despida uma espécie de dança árabe”. Entrar no Monte Verità era proibido para as crianças e jovens de Ascona; para os adultos, aquele local era para os loucos, endiabrados, monstros, seres sujos que viviam em pequenas cabanas como carneiros.Apontadas com ainda maior temor eram as mulheres que não eram poupadas a adjetivos: “a endiabrada”, “a puta”, “a cabra negra”, “a impudica”.O Município acabou por proibir as pessoas em circular em Ascona com “minifraldas” porque os “balabiott”, quando desciam ao povoado, traziam túnicas largas atadas à cintura, e quando não havia ninguém em redor desatavam-nas deixando à vista as pernas e o corpo.
Quando Mohandas Gandhi estava estudando Direito na Inglaterra, conheceu Henry Salt, biógrafo de Thoreau. Por volta de 1907, Gandhi se opunha a leis na África do Sul que impediam que indianos viajassem, comerciassem e vivessem livremente, e um amigo lhe deu uma cópia de Desobediência civil, que ele leu enquanto esteve preso por três meses em Pretoria. Ele reconheceu que “as ideias de Thoreau me influenciaram grandemente. Adotei algumas delas e recomendei o estudo de Thoreau a todos os amigos que me ajudavam na causa da Independência da Índia. O nome do meu movimento foi retirado do ensaio de ThoreauSobre o dever da desobediência civil. (...) Até ler aquele ensaio, nunca havia encontrado uma tradução apropriada em inglês para a palavra indiana Satyagraha (...). Não há dúvidas de que as ideias de Thoreau influenciaram enormemente meu movimento na Índia”. Harding relatou que Gandhi “sempre carregou uma cópia [de Desobediência civil] consigo nas várias vezes em que foi preso”. Havia um panfleto em Nova Délhi, Henry David Thoreau: The Man Who MouldedtheMahatma’sMind (“Henry David Thoreau: o homem que moldou as ideias do Mahatma”).

Manifestação anárquicade 600 pessoas nos Alpes Suíços, no inverno, contra o aquecimento global.
Do ponto de vista da contracultura os “hippies”, ou no singular, hippie, eram parte do que se convencionou chamar “movimento de contracultura dos anos 1960”, tendo relativa queda de popularidade nos anos 1970 nos EUA, embora o movimento tenha tido muita força em países como o Brasil somente na década de 1970. Uma das frases idiomáticas associada a este movimento foi a célebre máxima “Paz e Amor” (“Peace and Love”) que precedeu a expressão “Ban theBomb”, a qual criticava o uso de armas nucleares. Gerald Holtom, um designer politicamente correto enquanto objetor à Segunda Guerra Mundial convenceu o DAC (DirectActionCommitteeAgainst Nuclear War - comitê de ação direta contra a guerra nuclear) londrino de que se um elemento visual fosse utilizado que simbolizasse o desarmamento nuclear, o protesto daquela sexta-feira santa de 1958 surtiria mais efeito no mundo. Foi assim que surgiu o símbolo “Ban theBomb” (“proíba a bomba”), ou “Paz e Amor” como ficou conhecido entre nós no Brasil.
O Festival de Woodstock foi uma celebração à chegada da Era de Aquário, e nada representava melhor do que isso, o significado dessa Nova Era. Ou melhor, outro evento que culminou em 20 de julho de 1969, carregava em si o mesmo simbolismo: a chegada do Homem (da Humanidade) à Lua. Outra utopia que se tornava realidade. O homem saltou de seu último limite terrestre, a conquista do Everest, em 1953 (Edmund Hillary e TenzingNorgay), para o espaço exterior, o lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputnik (1957), e as primeiras naves do programa espacial soviético. E com a motivação da Guerra Fria, os anos 60 dão início a uma nova utopia. Em 1961, o presidente John Kennedy, lança o desafio de colocar astronautas na Lua ainda na década de 60. Isso é muito pós-moderno. Sua morte não modificou o roteiro do Programa Apollo – principalmente a Apollo 8 (representa a partida, porque colocou humanos além da órbita terrestre baixa); a Apollo 11 (representa a chegada, o objetivo alcançado); e a Apollo 13, pela epopeia que foi o retorno à Terra - que teve 17 missões, todas bem sucedidas (menos a Apollo 13, que mostrou a todos o nível de aventura que eram aquelas viagens).  Os soviéticos mudaram seu programa por causa do fracasso de seus foguetes para missão desse porte e passaram a investir em voos de longa duração em órbita baixa, que se mostrou muito eficaz nas experiências de permanência no espaço e suas implicações no organismo humano. Não há nada mais representativo do simbolismo da Era de Aquário do que a imagem da própria Terra flutuando no imenso vazio, vista do espaço.

Quando a imagem foi divulgada aqui na Terra, o poeta Archibald MacLeish escreveu no jornal “New York Times”: “Ver a Terra como ela realmente é, pequena e azul e bela naquele eterno silêncio em que flutua, é ver-nos como viajantes juntos sobre a Terra, irmãos nesse brilhante afeto em meio ao frio eterno – irmãos que agora se sabem realmente irmãos”. No livro “Nascer da Terra: como o homem viu a Terra pela primeira vez”, 2008, Robert Poole acredita que esse evento “é o nascimento espiritual do movimento ambientalista”, porque “é o momento em que o sentimento da era espacial deixou de ser o que ela significava para o espaço para ser o que significa para a Terra”.O Festival de Woodstock foi projetado para 50.000 pessoas, chegaram 500.000 jovens,daí o caos nas rodovias (os 160 km de estrada que liga Nova York a Bethel eram percorridos em mais de 8 horas, com gente abandonando seus carros nos acostamentos (sic) e seguindo a pé) e na “infra” geral de produção, como alimentação e toaletes, compensados pela constelação de artistas que se apresentaram e pelo espírito de confraternização e da filosofia de paz e amor.
Ipso facto, John Lennon ganhou notoriedade mundial como um dos fundadores do grupo de rock britânico The Beatles. Na época da existência dos Beatles, John Lennon formou com Paul McCartney o que seria uma das melhores e mais famosas duplas de compositores de todos os tempos, a dupla Lennon/McCartney. John Lennon foi casado com Cynthia Powell, e com ela teve o filho Julian. Em 1966, conheceu a artista plástica japonesa Yoko Ono. Em 1968, Lennon e Yoko produziram um álbum experimental, “Unfinished Music No.1: TwoVirgins”, que “causou controvérsia por apresentar o casal nu, de frente e de costas, na capa e contracapa”. A partir deste momento, John e Yoko iniciariam uma parceria artística e amorosa. Cynthia Powell pediu o divórcio no mesmo ano, alegando adultério. Em 1969, o casal se casou se já não é um truísmo, numa cerimônia privada no rochedo de Gibraltar. Usaram a repercussão de seu casamento para divulgar um evento pela paz, chamado de “Bed in”, ou “John e Yoko na cama pela paz”, como um resultado prático de sua lua-de-mel, realizada no Hotel Hilton, em Amsterdã. No final do mesmo ano, Lennon comunicou aos seus parceiros de banda que estava deixando os Beatles, daí a expressão: “o sonho acabou”! Ainda no mesmo período, Lennon devolveu sua medalha de Membro do Império Britânico à Rainha Elizabeth,“como uma forma de protesto contra o apoio do Reino Unido à guerra do Vietnã, o envolvimento do Reino Unido no conflito de Biafra” e lastbutnotleast, o fraco desenvolvimento de ColdTurkey nas paradas de sucesso.
De outra parte, as questões ambientais, a prática de nudismo, e a emancipação sexual eram ideias respeitadas recorrentemente por estas comunidades. Adotavam um modo de vida comunitário, tendendo a uma espécie de socialismo-anarquista ou estilo de vida nômade e à vida em comunhão com a natureza, negavam o nacionalismo e a Guerra do Vietnã, bem como todas as guerras, abraçavam aspectos de religiões como o budismo, hinduísmo, e/ou as religiões das culturas nativas norte-americanas e estavam em desacordo com valores tradicionais da classe média americana e das economias capitalistas e totalitárias. Eles enxergavam o patriarcalismo, o militarismo, o poder governamental, as corporações industriais, a massificação, o capitalismo, o autoritarismo e os valores sociais tradicionais como partem de uma “instituição” única, e que não tinha legitimidade.
Do ponto de vista da etno-musicologia, vale lembrar que houve um crescimento no interesse popular ao anarquismo ocorrido durante os anos 1970 no Reino Unido após o nascimento do punk rock, em particular os gráficos influenciados pelo situacionismo do artista Jamie Reid, que desenhava para os Sex Pistols e o primeiro single da banda, “Anarchy in the UK”. No entanto, enquanto que a cena punk inicial adotava imagens anarquistas principalmente por seu valor de choque, a banda Crass pode ter sido a primeira banda punk a expor ideias anarquistas e pacifistas sérias. O conceito do anarcopunk foi assimilado por bandas como Flux of Pink Indians e Conflict. O co-fundador do Crass, Penny Rimbaud, disse que sentia que os anarcopunks eram representantes do punk verdadeiro, enquanto que bandas como os Sex Pistols, The Clash e The Damned eram nada mais do que “fantoches da indústria musical”.

A cidade de Pamplona, no Norte da Espanha (2002).
Enquanto passavam os anos 1980, dois novos subgêneros da música punk evoluíram do anarcopunk: crust punk e d-beat. O “crust punk”, e seus pioneiros foram as bandas Antisect, Sacrilege e Amebix. Osd-beat eram uma forma de música punk “mais bruta e rápida”, e foi criada por bandas como Discharge e The Varukers. Um pouco depois, na mesma década, o grindcore desenvolveu-se do anarcopunk. Semelhante com o “crust punk”, porém ainda mais extremo musicalmente (utilizava blast beats e vocais incompreensíveis), seus pioneiros foram Napalm Death e Extreme Noise Terror. Paralelamente ao desenvolvimento desses subgêneros, muitas bandas da cena hardcore punk dos Estados Unidos tinham a ideologia anarquista, incluindo MDC e Reagan Youth.
A cultura jovem tem sido muito diversificada se ramificando em tribos num universo social muito diverso que foi desde o superficialismo e consumismo até a militância ambientalista e antiglobalizante. A expressão nas roupas e através de tatuagens e piercings também foram marcantes, bem como o consumo de drogas com o surgimento do ecstasy ligado a cultura de música eletrônica o aumento no consumo de maconha na classe média. No Brasil o jovem se viu envolvido cada vez mais com sexo em idade precoce e também tem sido vitima do aumento da violência nos grandes centros urbanos.Os anarquistas também apreciam muito a arte anônima e urbana. A intervenção urbana, grafite, pichação consciente, arte sabotagem e terrorismo poético tem uma ligação muito forte e profunda com os conceitos da anarquia.Além de ser uma ação direta, ou como se dizia em sua origem: “assalto ao céu”, entra em choque com as leis e expressa livremente uma opinião, sendo que a arte não ter nome a faz com que ela seja de todos e para todos. Geralmente isso envolve mensagens diretas ou indiretas que expõe toda a sociedade a uma realidade atual através de algo inusitado. Dependendo do artista e das circunstâncias, essas atividades podem ser inofensivas assim como podem ser um pouco mais extremas, chegando a atos de vandalismo, invasão e roubo para fins artísticos.

Foto: Woodstock Diares (1969)
Pessoas da região cooperaram com doações de frutas, sanduíches e enlatados, o que não significava de forma alguma que esses alimentos chegariam ao seu destino, por causa de fatores como o tráfego, para citar apenas um. Todos os espaços da fazenda foram tomados. A cobertura médica teve a participação de 70 médicos e 36 enfermeiras, que realizaram mais de 6.000 atendimentos, sendo que os casos mais graves eram levados de helicópteros para os hospitais. Morreram 3 pessoas, sendo 1 caso de overdose de heroína, 1 atropelamento por trator e 1 por crise aguda de apendicite. Houve também o nascimento de 2 crianças. 600 homens cuidaram do policiamento, entre seguranças contratados e policiais voluntários, que diante de tal situação, tiveram que fechar os olhos para os excessos de consumo de drogas e sexo livre.

Bibliografia geral consultada:
MANNHEIM, Karl, Diagnosis of our Time: Wartime Essays of a Sociologist. Londres: RoutledgeandKegan Paul, 1954
Idem, Diagnóstico de Nosso Tempo. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967
Idem,Ideologia e Utopia. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982
BRAGA, Ubiracy de Souza, “De lasCarabellas a losAutobusesEspaciales: laTrayectoria de laInformaciónenelCapiatlismo”. In: Info 97. Ponencias. Cuba: Universidad La Habana, 1997
Idem, “Há 130 anos a Comuna de Paris Coloca em Xeque Estado-nação”. Teresina: Universidade Federal do Piauí; Diretório Central dos Estudantes, 2003; www.redmarx.net/redmarx/artigos/comuna/12ubira.rtf.
Idem, “Marcha para Gays, passeata para Jesus?” In: Jornal O Povo - Caderno Internacional. Fortaleza, 23 de junho de 2007; Republicado In: Jornalismo Gospel. Portal de notícias do mundo gospel
Idem, “FiódorDostoiévski e a psicologia de seus personagens”. Disponível em: http://cienciasocialceara.blogspot/2011/08;
Woodstock Diares - 30th anniversary Edition (1969- 2009). Escólio: Contém cenas de naturismo, uso das chamadas drogas ilícitas (maconha, cocaína etc.), a representação do pacifismo do “flowerpower” e críticas à guerra imperialista norte-americana de invasão ao povo vietnamita;
VEGA, LuisMercier, Anarquismo ayer y hoy. Caracas: Monte Ávila, 1970;
WOODCOCK, George, Anarchism - A History of Libertarian Ideas and Movements.Londres: World Publishing, 1962;
Idem, História das Ideias e Movimentos Anarquistas. Volume 2. O Movimento. Porto Alegre: L&PM, 2002;
OITICICA, José, A Doutrina Anarquista ao Alcance de Todos. 2ª edição. São Paulo: Econômica Editorial, 1983;
JournalThe New York Times: “Brazil Student Expelled After Wearing Mini-Dress”. The Guardian: “Brazilian student expelled for wearing mini-skirt to class”;
ZOLA, Émile, “J` Accuse!”. In: Jornal L`Aurore. Paris, 13 de janeiro de 1898
VOVELLE, Michel, IdeologiesetMentalités. Paris: François Maspero, 1982;
STEARNS, Peter N., História das Relações de Gênero. São Paulo: Editor Contexto, 2007;
SIMMEL, Georg, La Tragédie de La Culture. Paris: PetiteBibliothèqueRivages, 1988:
Idem, “O papel do dinheiro nas relações entre os sexos - fragmento de uma filosofia do dinheiro”. In: Filosofia do Amor. São Paulo: Martins Fontes, 1993;
SCHLESINGER Jr, Arthur, The DisunitingofAmerica (reflectionon a multicultural society).New York, 1992;
SCHORSKE, Carl E.,Viena fin-de-siècle - Política e cultura. São Paulo: Companhia das Letras, 1988;
SATRIANI, Luigi Maria Lombardi, Folklore&Proffito. Tecnichedidistruizionedi una cultura. Itália: Guaraldi Editore, 1973;
Idem,Antropologia Culturale e Analisidella Cultura Subalterna. Milano: Rizzoli Editore, 1980;
PERLMAN, Janice, The Myth of Marginality: Urban Poverty and the Politics in Rio de Janeiro. Tese PhD. Berkeley: University of California Press, 1975;
PASOLINI, Pier Paolo, Gramsci`s Asche. Gedichte.Italienisch/Deutsche.Verlag/München, 1980;
MORIN, Edgar, La Metamorphose de Plozevet.Paris: Fayard, 1967;
Idem, Le cinema ou l` hommeimaginaire. Paris: Minuit, 1978; Idem,Cultura de Massas no Século XX. Rio de Janeiro: Forense Universitária,1981

 entre outros. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

concurso público para contratação de professor mestre ou doutor para a área de Política Externa UFSE


Prezados Senhores,


O Nucleo de Relações internacionais da Universidade Federal de Sergipe informa a abertura de concurso para professor substituto conforme edital em anexo.
Disciplinas: Política Externa das Grandes Potências, Política Internacional, Blocos Econômicos nas
Relações Internacionais e Teoria das Relações Internacionais I
Titulação:Graduação e Mestrado em uma das seguintes áreas: Relações Internacionais, Ciências Sociais, Ciência Política, Ciências Econômicas, História ou Direito
Período da inscrição: De 28/09/2011 a 11/10/2011, apenas em dias úteis e nos locais e horários especificados no edital.
Valor da inscrição: Inscrições gratuitas.
EDITAL AQUI

Peço encarecidamente que repassem a informação aos seus contatos e listas. Obrigada!
Att,


Tereza Cristina
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Profª. Drª. Tereza Cristina Nascimento França
Doutora em Relações Internacionais (UnB)
Professora do Núcleo de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (NURI)
Membro da Associação Brasileira de Estudos da Defesa (ABED)
Member of the Nuclear weapons, Non Proliferation & Contemporary International Law Committee
Coordenadora de Cooperação Acadêmica de Convênios Internacionais do Núcleo de Relações Internacionais
Coordenadora do LABECON (Laboratório de Estudos de Conflitos e Paz)
Cidade Universitária Prof. José Aloísio de Campos
Av. Marechal Rondon, S/N - Jardim Roza Elze, São Cristóvão/SE, Brasil,~CEP: 49100-000,
Unidade Departamental do CCSA, Pavimento superior, tel:(55) 79-2105-6884
Blog: www.heresnemo.com  

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Que país é este? Notas sobre carros e a questão ambiental


                                                                              
                                O Brasil é um país que não deve ser levado à sério” (De Gaulle).  


    
                                                                                   Ubiracy de Souza Braga*
A epígrafe foi atribuída ao general, mas de origem negada por alguns historiadores. Eles dizem que a frase é do embaixador brasileiro na França, Carlos Alves de Souza, dita ao jornalista Luiz Edgar de Andrade, na época correspondente do “Jornal do Brasil” em Paris. Depois de discutir com De Gaulle a “guerra da lagosta”, em 1962, quando barcos franceses invadiam a costa brasileira e pescava o crustáceo, antes da demarcação das 200 milhas marítimas, Souza relatou a Edgar o encontro dizendo-lhe que falaram sobre o samba carnavalesco: “A lagosta é nossa”, das caricaturas que faziam dele (De Gaulle), terminando a conversa assim: “Edgar, le Brésil n`est pas un pays sérieux”.
O jornalista mandou o “despacho”, aqui fora da religiosidade afrodescendente  fundadora de nossa nação (cf. Prandi, 1974; 1991;1992;1995a; 1995b; 2001), ou como canta o diplomata Vinícius de Moraes: “a  beleza que tem o samba não/Porque o samba nasceu lá na Bahia/E se hoje ele é branco na poesia/Ele é negro demais no coração”, mas para o jornal e a frase acabou outorgada a De Gaulle. Carlos Alves de Souza Filho foi um diplomata brasileiro, genro do Presidente Artur Bernardes que teve sua governabilidade marcada por uma permanente instabilidade política, derivada da crise econômica e dos conflitos políticos e revoltas armadas que se intensificaram neste período. Em seu governo, o republicanismo oligárquico foi constantemente ameaçado por conspirações civis e militares. Tal diplomata serviu como embaixador em Roma de 1950 a 1956, em Paris de 1956 a 1964 e em Londres de 1964 a 1966. Foi personagem fundamental no conflito diplomático envolvendo o Brasil e a França, que ficou conhecido como “Guerra da Lagosta”. Foi ele o intermediário entre o governo brasileiro e Charles de Gaulle, e é autor da famosa frase “O Brasil não é um país sério”, erroneamente atribuída a Gaulle.
Para o que nos interessa, carros fascinam tanto na sociedade brasileira como a bunda da mulata, cerveja e muque de pião. O Rolls Royce da presidência da República,  há 50 anos, logo  levaria  o  presidente do  país, Luiz Inácio Lula da Silva,  ao Congresso, onde tomou posse, e depois “desfilou no meio de milhares de brasileiros que vieram a Brasília para a festa popular anunciada”. O negro  Rolls Royce  fora o conversível modelo Silver Wraith transporte escolhido pelo ex-sindicalista, metalúrgico e ex-presidente da República Federativa do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva para percorrer o principal eixo da cidade até o Congresso nacional. Ele foi o trigésimo quinto presidente da República Federativa do Brasil, cargo que exerceu de 1º de janeiro de 2003 a 1º de janeiro de 2011. Depois de receber a faixa presidencial, o carro foi novamente utilizado para o desfile de Lula no meio da multidão. Assim, o Rolls Royce é o carro presidencial brasileiro mais famoso, com muitas histórias econômicas e, sobretudo política sobre sua origem. Além disso, Dilma Vana Rousseff, em 2010, foi escolhida pelo PT para se candidatar à Presidência da República na eleição presidencial, sendo que o resultado de segundo turno, em 31 de outubro, tornou Dilma a primeira mulher a ser eleita para o posto de chefe de Estado e de governo, em toda a história do Brasil. Isto é importante e radicalmente novo.
De outra parte, carro, bunda de mulata, muque de pião e cerveja fazem a festa da mídia brasileira. Assim, para o que nos interessa, na mais conhecida destas histórias em nosso ideário de subsunção desenvolvimentista (cf. Cardoso, 1975) o veículo Rolls Royce teria sido um presente de grego da rainha da Inglaterra Elizabeth II, durante o mandato do então presidente Getúlio Vargas, em 1953. No entanto, outros afirmam que foi diretamente encomendado por Vargas e que “custou uma fortuna”. Numa recente edição do jornal Correio Braziliense, havia ainda a informação de que o carro foi presenteado ao Brasil por causa de uma barganha pela compra de 75 aviões ingleses, quando vieram quatro carros iguais ao que foi utilizado pelo ex-presidente Lula na festa da posse.
Do ângulo da mass production os 3.182.617 veículos produzidos pela indústria nacional em 2009 mantiveram o Brasil na sexta colocação do ranking mundial de produção, embora o País tenha caído 1% em relação ao montante fabricado em 2008. O novo líder é a China, que cresceu 48,3% no ano passado e alcançou 13.790.994 carros e comerciais leves produzidos no período. O país tomou o primeiro posto do Japão, que caiu 31,5% de um ano para o outro. A produção total, de 61.714.689, é 13,5% inferior aos 70.520.493 veículos fabricados em 2008. Confira abaixo os dez maiores produtores mundiais. O ranking completo de países e marcas está disponível no site da Organização Internacional de Fabricantes de Automóveis: www.oica.net.
A paranaense Foz do Iguaçu abriga Itaipu, a maior hidrelétrica do país, e “é o principal corredor de contrabando vindo do Paraguai”. Desde novembro, tem também o maior estacionamento do Brasil. Ele se estende por 150 000 metros quadrados, um espaço equivalente ao dos cinco pátios que a Fiat mantém em sua fábrica em Minas Gerais. Enquanto a garagem mineira aloja a produção da líder do mercado nacional de automóveis, a do Paraná “guarda bens encontrados nas mãos de criminosos”. A área é mantida pela Receita Federal. Desde 2003, a apreensão de veículos usados no transporte de muamba cresceu 1 900%. No início, a repartição acomodava os ônibus usados por sacoleiros, contrabandistas de cigarros e bebidas e traficantes de drogas e armas em um terreno de 3 000 metros quadrados.
Mas não demorou a que os bandidos passassem a camuflar suas mercadorias principalmente em carros de passeio. A sugestão de Eric Hobsbawm é de que o banditismo social possa ser interpretado mais como um mecanismo de articulação para o protesto social, alicerçado no meio rural, do que apenas tumultos cotidianos, encarados como criminosos pelo senhor e pelo Estado, mas que continuam a fazer parte da sociedade camponesa, e são considerados por sua gente como “heróis, como campeões, vingadores, paladinos da justiça”, talvez até mesmo como líderes da libertação nacional e, sempre, como homens a serem ajudados a apoiados. É essa ligação entre o camponês comum e o rebelde, o proscrito e o ladrão que torna o banditismo social interessante e significativo historicamente falando.
Hoje, 70% dos veículos retidos estão nessa categoria. “De quatro anos para cá, eles se tornaram o meio de transporte preferido dos criminosos da fronteira”, diz Gilberto Tragancin, delegado da Receita em Foz do Iguaçu. Resultado: “o estacionamento da muamba teve de ser aumentado”.

           Não há vagas na garagem que o Fisco usa para guardar suas apreensões em 2011.

 Do ponto de vista dos impactos ambientais sabemos que qualquer contaminação do ar por meio de desperdícios gasosos, líquidos, sólidos, ou por quaisquer outros produtos que podem vir (direta ou indiretamente) a ameaçar a saúde humana, animal ou vegetal, ou atacar materiais, reduzir a visibilidade ou produzir odores indesejáveis pode ser considerada poluição atmosférica. Entre os poluentes do ar oriundos de fontes naturais, o Radão (Rn) - gás radioativo, é o único altamente prejudicial à saúde humana. Os países industrializados são os maiores produtores de poluentes, enviando anualmente bilhões de toneladas para a atmosfera. Estatisticamente falando o limite máximo suportado é: 75 mg/m3 num ano; 260 mg/m3 em 24 h; compostas de carbono, nitratos, sulfatos, e vários metais como o chumbo, cobre, ferro etc. São perigosos para a saúde quando em concentrações superiores a 5000 ppm em 2-8 h; os níveis atmosféricos aumentaram de cerca de 280 ppm, há um século atrás, para 350 ppm atualmente, “algo que pode estar a contribuir para o Efeito de Estufa”.
Todos os dias nós acompanhamos nos meios massivos, como a rede mundial de computadores - internet, a televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viram mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos últimos 100 anos. A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus centígrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o número de desertos aumenta a cada dia, fortes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do planeta e as calotas polares nestes dias está derretendo, fator que tem ocasionado o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas. O que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unânimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a todos estes acontecimentos. 
Pesquisadores do “clima mundial” afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente, derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc.), na atmosfera. Estes gases (ozônio, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Este fenômeno humano associado à má utilização e fabricação das máquinas, ocorre, pois, estes gases absorvem grande parte da radiação infravermelha emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor. O desmatamento e a queimada de florestas e matas também colaboram para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, já se verifica suas consequências em nível global. 
A Amazônia ocupa uma área de mais de 6,5 milhões de km² na parte norte da América do Sul, passando por nove países: o Brasil, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. 85% dessa região fica no Brasil (5 milhões de km², 7 vezes maior que a França) em 61% do território nacional e com uma população que corresponde a menos de 10% do total de brasileiros. A chamada “Amazônia Legal” compreende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados do Mato Grosso, Tocantins e Maranhão perfazendo aproximadamente 5.217.423km². O rio Amazonas sempre evocou considerações superlativas e também de crítica - o mais volumoso, o mais extenso, o mais belo, o mais complexo e desafiador e, acima de tudo, trata-se potencialmente da mais rica bacia hidrográfica do mundo (cf. Velloso, 1966; Cardoso e Muller, 1978; Ianni, 1979; Stone, 1986).  
Quando ecologicamente falamos (cf. Capra, 1983; Prigogine, 1996a; 1996b) em desmatamento na Amazônia é comum às pessoas confundirem a região citada acima com o estado do Amazonas, o que limita a compreensão do verdadeiro puzzle que essa região enfrenta. Em toda a região amazônica calcula-se que cerca de 26.000km são desmatados todos os anos. No Brasil, só em 2005 foram 18.793km² de áreas desmatadas, sendo que uma das principais causas é a extração de madeira, na maior parte ilegal. Segundo dados do Grupo Permanente de Trabalho Interministerial Sobre Desmatamento na Amazônia, desde 2003 foram apreendidos cerca de 701mil m³ de madeira em tora provenientes de extração ilegal. Devido à dificuldade de fiscalização e a pouca infraestrutura na maior parte da região, alguns moradores se veem forçados a contribuir com a venda de madeira ilegal por não terem nenhum outro meio de renda ou mesmo por se sentirem coibidos pelos madeireiros. Até mesmo alguns índios costumam trabalhar na atividade ilegal de extração de madeira, vendendo a tora de mogno, por exemplo, à míseros R$30, quando na verdade, o mogno chega a valer R$3 mil reais no mercado capitalista.
Outras causas apontadas são os crescimentos da população e da agricultura na região. Até 2004, cerca de 1,2 milhões de hectares de florestas foram convertidas em plantação de soja só no Brasil. Isso porque desmatar áreas de florestas intactas custa bem mais barato para as empresas do que investir em novas estradas, silos e portos para utilizar áreas já desmatadas. Além de afetar a biodiversidade, pois a Amazônia possui mais de 30% da biodiversidade mundial, o desmatamento na Amazônia afeta, e muito, a vida das populações locais e ribeirinhas que sem a grande variedade de recursos da maior bacia de água doce do planeta se veem sem possibilidade de garantir a própria sobrevivência, tornando-se dependentes da ajuda do governo e de organizações não governamentais.
A globalização desafia os princípios do consenso e da legitimidade, do poder político, da base político-territorial do processo político, da responsabilidade das decisões políticas, a forma e o alcance da participação política e até o próprio papel do Estado que foucaultianamente falando “produz efeitos de poder político”, como garantia dos direitos e deveres dos cidadãos, como também desafia os princípios de Vestefália. A globalização é, como muitos autores hic et hunc admitem responsável pelo declínio na qualidade e significação da cidadania devido à mudança do papel do Estado. A globalização econômica tem demandado do Estado Nacional mudanças que fomentam políticas que eliminem as fronteiras nacionais em prol do desenvolvimento do capital e, consequentemente, dão elementos para outra forma de cidadania, mais ampla, sem fronteiras, planetária. Sintetiza a filosofia existencialista, em que o Homem é considerado na fragilidade da sua condição finita, a qual se manifesta exatamente na individualidade do Homem presente em um tempo “nunc” e um espaço “hic”, finitos, o que constitui a causa da infelicidade humana.
A questão ambiental foi chamando a atenção, ao longo do tempo e da história das sociedades, de cidadãos de todo o mundo.  As discussões sobre a destruição do meio ambiente, a possibilidade do fim de recursos não renováveis do planeta e a estimativa de catástrofes mundiais em décadas não longínquas levaram as Nações Unidas a promover uma Conferência para o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972. Já aí, assinalava-se a necessidade da humanidade discutir seu futuro. Temos assim o parti pris de que a preocupação com o meio ambiente entrava na agenda internacional como um problema decorrente da determinação sem freios do crescimento econômico tão justamente criticado na pena do filósofo comunista Karl Marx e outros.
Outra conferência sobre o meio ambiente se sucedeu em 1987, da qual resultou o Relatório de Brundtland, Nosso Futuro Comum. No entanto, após 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento - a Eco 92 -, o debate sobre os desafios para o planeta ganham maior ressonância e se proliferam. Além das questões sobre meio ambiente foram discutidos, nesse evento sediado na cidade Rio de Janeiro, outros temas tais como arsenal nuclear, desarmamento, guerra, poluição, fome, drogas, discriminação, racismo. Dessa forma, a agenda planetária não se restringe a enfocar apenas o meio ambiente, mas os efeitos sociais específicos que envolvem as formas de trabalho na produção global das mercadorias. Paralelo à Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, aconteceu o Fórum Global 92 cujo documento resultante, a Carta da Terra, contempla, entre outros, “o pensar global e local, a comunidade mundial, e a criação de uma cidadania planetária” (cf. Boff, 2007).
O reconhecimento de ações prejudiciais do homem ao meio ambiente foi um dos predicados para o amadurecimento do conceito de desenvolvimento sustentável adotado na conferência Eco 92, bem como os princípios de “responsabilidade econômico-financeira do contaminador” e o de “precaução”. A deterioração ecológica do planeta e outros problemas globais, “impõem a necessidade de maiores níveis de cooperação internacional, desenvolvimento e investimento mundial”. A Terra é a própria quintessência da condição humana e, ao que sabemos, sua natureza pode ser singular no universo, a única capaz de oferecer aos seres humanos um habitat no qual eles podem mover-se e respirar sem esforço nem artifício.
O Fórum Social Mundial, realizado inicialmente no Brasil, em 2001, também vêm discutindo “outro mundo possível”, uma “globalização solidária”, se já não é um truísmo, como alternativa aos problemas da exclusão, desigualdade social e meio ambiente. O evento articula entidades e movimentos da “sociedade civil global” (cf. Ianni, 1997) em  todo o mundo, que “atuam do nível local ao global” em sua complexidade humana (cf. Morin, 1994). O fórum ainda estimula uma participação nas instâncias internacionais e o exercício de uma cidadania planetária. Estes debates se desdobraram em diferentes áreas do conhecimento, inclusive, na educação. Em 1994, é adotada no “I Congresso Mundial da Transdisciplinaridade”, em Portugal, a Carta da Transdisciplinaridade que aponta a necessidade de uma compreensão planetária para enfrentar os desafios contemporâneos.
E é na Carta da transdisciplinaridade, produzida pela UNESCO no I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade em 1994, realizado em Arrábida, Portugal, com fundamental colaboração do CIRET, em que temos uma definição do conceito transdisciplinar em seu Artigo 3: “(...) a transdisciplinaridade não procura o domínio sobre várias outras disciplinas, mas a abertura de todas elas àquilo que as atravessa e as ultrapassa (...)”, e principalmente, em seu Artigo 7: A transdisciplinaridade não constitui nem uma nova religião, nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência das ciências”.
No âmbito acadêmico, já no século XX, com o intuito de unir o mundo “não universitário” ao universitário, cuja separação se dá primordialmente pela “hiperespecialização profissional”, com grande número de disciplinas que não acompanham todo o desenvolvimento, principalmente na área tecnológica, temos um aprofundamento na utilização deste conceito, visando formar profissionais cada vez mais completos, compatíveis com as exigências do mercado de trabalho que este futuro profissional encontrará. Assim tão complexo quanto os problemas que tenta solucionar, tem-se a transdisciplinaridade, que por ser tão sutil, ser a linha tênue que une e serve de limite entre o comprometimento e o individualismo de cada disciplina, que não possui uma definição exata, e ao mesmo tempo é um dos mais necessários conceitos quando tratamos de formação e educação.
No discurso da presidente Dilma Rousseff, primus inter pares e primeira mulher a discursar na abertura da Assembleia Geral da ONU disse a brasileira: “Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas”. Nada mais correto. É de todo sabido que a economia americana sobrevive, principalmente, em razão de sua indústria bélica. O que nem todos sabem é que, num círculo vicioso perverso, aquele país cata guerras com lentes de aumento, exatamente para fomentar o desenvolvimento e a sustentação das fábricas de armas. Foi assim no Iraque, quando o infeliz George W. Bush, aquele idiota que quase morreu engasgado com biscoitos cream cracker, mas mentiu ao mundo, ao justificar a invasão militar com o pretexto de que ali haviam sido encontradas armas de extermínio em massa.
Privilegiada, por ter sido a primeira mulher do mundo a ocupar a tribuna naquelas condições, Dilma Rousseff apelou para a sensibilidade, quase poética e, logo no início, com ênfase, afirmou: “Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres. Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje”. Belo, indiscutivelmente belo, e homenagem mais que merecida às mulheres do planeta inteiro, que ainda não viram realizados seus anseios de igualdade econômica, política, de gênero e social. Veillons!
Bibliografia geral consultada
LAVOR, Thays, “Dia Mundial sem Carro é ignorado em Fortaleza”. Diário do Nordeste. Fortaleza, Ce, 23 de setembro de 2011
VELLOSO, Leão, Euclides da Cunha na Amazônia. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1966
CARDOSO, Fernando Henrique e MULLER, Geraldo, Amazônia: Expansão do Capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1978
IANNI, Octávio, Colonização e Contra-Reforma Agrária na Amazônia. Petrópolis (RJ): Vozes, 1979
Idem, A sociedade global. 5ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997
MORIN, Edgar, La complexité humaine. Paris: Flammarion, 1994
CAPRA, Fitjof, O Tao da Física. Um Paralelo entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental. 3ª edição. São Paulo: Editora Cultrix, 1983
PRIGOGINE, Ilya, O fim das certezas. São Paulo: Editora da UNESP, 1996ª
Idem, Tempo, caos e as leis da natureza. Editora da UNESP, 1996b
STONE, Roger D, Sonhos da Amazônia. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1986
PRANDI, Reginaldo, “Catolicismo e família: transformações de ideologia”. In: Cadernos CEBRAP. São Paulo (21), 1974
Idem, Os candomblés de São Paulo: A velha magia na metrópole. São Paulo: Hucitec/EDUSP, 1991
Idem, “Perto da magia, longe da política”. In: Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, n° 34, novembro de 1992
Idem, “Dei africani nell’ odierno Brasile: Introduzzione sociologica al candomblé”. In: Luisa Faldini Pizzorno (org.), Solto le acque abissali. Firenze: Aracne, 1995ª
Idem, “Raça e Religião”. In: Novos Estudos CEBRAP, n° 42, julho de 1995b
Idem, Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das Letras, 2001
CARDOSO, Miriam Limoeiro, Ideologia do Desenvolvimento; Brasil: JK-JQ. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978
DE ROSNAY, Joel, O Macroscópio. Lisboa: Editora Arcádia, 1977
Idem, Os Caminhos da Vida. Coimbra: Livraria Almedina, 1984
BOFF, Leonardo, Depois de 500 anos: que Brasil queremos. Petrópolis (RJ): Vozes, 2000
Idem, A Nova Era: A Consciência Planetária. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007
Idem, “Uma história épica: Irmãs negras”. In: Diário do Nordeste. Fortaleza, 23 de novembro de 2009
Idem, “A Sociedade Mundial da Cegueira”. In: Jornal O Povo, Fortaleza, 22.02.2010
BOAVENTURA, E. “Educação planetária em face da globalização”. In: Revista da FAEBBA. Educação e contemporaneidade, Salvador, n. 16, ano 10, pp. 27-35, jul./ dez. 2001
LIPOVETSKY, G, A Era do Vazio. Lisboa: Relógio d`Água, 1989
 entre outros. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

III SEMINÁRIO CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE Homossexualidade, movimentos sociais e estilos de vida: intersecções




Conferências:


A homossexualidade como lugar social e a violência por preconceito: pesquisa a partir da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo09
Regina Facchini
Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp


Notas de pesquisa sobre a relação entre Política, Movimentos Sociais e Igrejas Inclusivas no Brasil
Marcelo Natividade
Universidade Federal do Ceará/ UFC


Itinerários do desejo: homossexualidade, trânsitos e interseccionalidades a partir da cidade de São Paulo
Isadora Lins França
Núcleo de Estudos de Gênero Pagu/Unicamp


Festa, gênero e criação no Nordeste contemporâneo
Roberto Marques
Universidade Regional do Cariri/ URCA



Local: Auditório Luiz de Gonzaga
Departamento de Ciências Sociais/ UFC

Dia: 28/09/2011 quarta-feira - 14-18h