Sharon Tate: 40 anos de um pesadelo.
Ubiracy de Souza Braga*
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* Sociólogo (UFF),
Cientista Político (UFRJ), Doutor em Ciências junto à Escola de Comunicações e
Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Professor Associado da Coordenação do curso de Ciências Sociais da
Universidade Estadual do Ceará (UECE).
“Meu
pai é a prisão. Meu pai é o seu sistema (…).
Eu sou apenas o que você me fez. Eu sou apenas um reflexo de você” (psicopata
Charles Manson).
Sharon Tate foi
brutalmente assassinada por Charles Manson quando estava com 8 meses de
gravidez.
No dia 9 de agosto, em 1969,
era assassinada uma das mulheres mais belas do cinema, Sharon Tate. Tinha
apenas 26 anos, estava grávida de seu marido, desde 20 de janeiro de 1968, o
diretor Roman Polanski. Foi assassinada num ritual macabro e demoníaco junto
com outras pessoas que estavam também em sua casa: seu ex-noivo, o cabeleireiro
de celebridades Jay Sebrin, mais Abigail “Gibby” Folger, Voytek Frykoswki e
Steven Parent. Os assassinos foram quatro membros da gang de Charles Mason. Provavelmente foi com este assassinato sem
precedentes, que se pode declarar o “fim da era de paz & amor”, surgida no
ano anterior, por influência do “Verão do Amor dos hippies”, mais do que o show
mostrado em “Gimme Shelter”, dos Rolling Stones, ocorrido em dezembro de 1969,
quatro meses depois de Woodstock - 3
Days.
Sharon
Marie Tate nasceu em 24 de janeiro de 1943 em Dallas Texas. Seu pai era militar
e por isso mudavam sempre de residência, crescendo em Washington D. C. e na
Europa, particularmente na Itália, ganhou seu primeiro concurso de beleza,
assim como aprendeu a falar a língua de Leonardo di Ser Piero da Vinci. Foi também na Europa que fez suas primeiras
aparições no cinema como figurante. Quando a atriz veio para Hollywood, foi
descoberta pelo produtor Martin Ransohoff, que se tornou seu mentor quando a
lançou na série de TV The Beverly Hillibillies/A Família Buscapé (de 1963 a 1965)
no papel da secretária sexy Janet Trego. É um filme americano de comédia de
1993 da 20th Century Fox.
Logo
depois a apresentou em dois filmes: Dança
dos Vampiros (The Fearless Vampire
Killers or Pardon Me, but Your Teeth is
in my Neck), de Roman Polanski,
de J. Lee Thompson, onde fazia uma arqueira que era adorada do diabo ou coisa
que o valha, e a comédia Não Faça Ondas
(Don´t Make Waves), de Alexander MacKendrick com Tony Curtis. Em ambos,
Sharon Tate falava o menos possível, ela também foi dispensada de outra
produção de Martin, A Mesa do Diabo
(Cincinatti Kid), quando o diretor
Norman Jewison a substituiu por Tuesday Weld. Certamente o filme mais famoso
dela foi O Vale das Bonecas (bonecas
era a gíria para bolinhas, as pílulas/drogas da época e da moda). Foi um grande
best-seller trash da escritora e
colunista Jacqueline Susann, que se apropriava da vida de estrelas famosas como
Judy Garland e Marilyn Monroe. Sharon fazia justamente a maior vítima, Jennifer
North, uma atriz meio Marilyn que começa bem, mas vai decaindo fazendo filmes
eróticos. Embora massacrado pela crítica, foi um sucesso e hoje é cult.
O
Departamento de Correções da Califórnia divulgou nestes dias uma foto atual do serial killer (cf. Braga, 2011a; 2011b;
2011c) Charles Manson, que foi ouvido em audiência no dia 11 de abril, quando seriam
definidas as condições e possibilidades dele ganhar “liberdade condicional”. Atualmente com 77 anos, Manson já teve 11
pedidos de “condicional” negada, sendo que a última foi em 2007. Assim, um dos
assassinos mais famosos dos Estados Unidos segue preso em Corcoran. Charles
Manson ficou famoso pelo assassinato, em 1969, da atriz Sharon Tate, à época
esposa do diretor de cinema Roman Polanski. Sharon estava grávida quando foi
morta. Manson e outros membros da seita Família
Manson, comandada por ele ainda assassinaram mais seis pessoas na mesma
ocasião.
Já era quase meia
noite de 9 de agosto de 1969 quando um homem e três mulheres subiram em um
poste telefônico e cortaram a linha da propriedade de estilo “country” da 10050
Cielo Drive, na Califórnia. Enviados pelo serial
killer Charles Manson, Charles Watson, Susan Atkins, Linda Kasabian e
Patricia Krenwinkel tinham uma missão naquela noite, destruir a casa do músico
Terry Melcher e matar todo mundo que estivesse lá. A obsessão de Manson por
Melcher começou um ano antes, quando ambos foram apresentados pelo Beach Boy
Dennis Wilson. Na época, o serial killer
“era um compositor de rock iniciante que queria um contrato”. Terry Melcher se
recusou a fechar um negócio. Corcoran é uma cidade localizada no estado
americano da Califórnia, no Condado de Kings. Estatística e demograficamente, segundo
o censo norte-americano de 2000, a sua população era de 14.458 habitantes. Em
2006, foi estimada uma população de 23.403, um aumento de 8945 (61.9%). De
acordo com o United States Census Bureau
tem uma área de 16,6 km², dos quais 16,6 km² cobertos por terra e 0,0 km²
cobertos por água. Corcoran localiza-se a aproximadamente 63 m acima do nível
do mar.
Em março de 1969,
Manson descobriu que Terry Melcher não morava mais na casa da Cielo Drive. O
assassino foi procurar o músico na propriedade, apenas para descobrir que ela
havia sido alugada pelo cineasta Roman Polanski e sua esposa, a atriz Sharon
Tate. A ordem de destruição de propriedade e assassinato foi dada no dia 8 de
agosto, e “concretizada a sangue frio uma noite depois”. Polanski estava em
Londres trabalhando em um filme, “mas a casa não estava vazia”. Além de Tate,
estavam Wojciech Frykowski, amigo do cineasta, Jay Sebring, amiga da atriz, e a
cabeleireira Abigail Folger. Os quatro integrantes da família Manson
encontraram primeiro Frykowski, que após ser agredido, ouviu de Susan Atkins: “Eu
sou o demônio, e vim aqui para fazer o trabalho do demônio”. Todos então “foram
levados para uma sala, amarrados e esfaqueados brutalmente”. Em sua biografia,
Charles Watson contou que esfaqueou Tate “dezesseis vezes, enquanto ela
implorava por misericórdia para ter seu filho”. A atriz teria implorado para
viver o suficiente apenas para dar a luz, até morrer dizendo apenas: “mãe...
mãe...”. Antes de deixarem a casa, Susan Atkins ainda escreveu a palavra:
“porco”, com o sangue da atriz na porta principal.
No sistema jurídico
americano, todo condenado à prisão perpétua, pode ser condenado a dois tipos de
pena: “tantos anos à prisão perpétua” (ex: 20 anos à prisão perpétua - 20 years to life) ou “prisão perpétua” (imprisionment for life). A segunda pena
de condenação é muito pouco ou não mais usada, geralmente aplicável apenas a
assassinos já anteriormente condenados por mortes. Estes morrem presos, sem
nenhuma possibilidade legal de terem a pena comutada algum dia. O sistema
costuma usar mais a primeira, partindo do princípio aparentemente humano “de
que todos devem ter uma segunda chance”. Assim, numa sentença de 20 anos à
perpétua, o condenado pode ter que cumpri-la para a vida toda ou apenas 20
anos. Isto abre a possibilidade de que, após estes 20 anos, o condenado possa
entrar com recurso pela liberdade condicional, ficando a critério de uma banca
examinadora de suas condições psicológicas e de sua recuperação, e de um juiz,
libertá-lo ou não. Estes pedidos podem ser feitos a períodos pré-determinados
de tempo, podendo ter entre 1 e 5 anos entre eles.
Todos os que foram
presos e julgados nos crimes Tate - La Bianca,
que foram condenados nestas condições, de tempo - à prisão perpétua, após
terem suas penas de morte computadas, tiveram negados seus pedidos através dos
anos. Existia uma possibilidade de Charles Manson ser libertado em 2007, “por
estar com 73 anos de idade”, porém teve o pedido recusado mais uma vez. Sua
próxima tentativa só poderia ter sido feita a partir de 2012. O Caso Tate-LaBianca foi o nome pelo qual
ficou conhecido nos canais de propaganda que “vendem” a notícia da imprensa e
do sistema jurídico dos Estados Unidos, sobre o bárbaro assassinato da atriz
Sharon Tate e quatro de seus amigos dentro de sua casa em Los Angeles e do
casal Leno e Rosemary LaBianca em outra região da cidade e no dia posterior,
cometido pelo mesmo grupo de assassinos, a Família
Manson.
Mas para o que nos
interessa, do ponto de vista etnobiográfico, Roman Rajmund Polański (Paris, 18
de agosto de 1933) é um cineasta, produtor, roteirista, ator franco - polonês.
Iniciou sua carreira na Polônia e depois se tornou um célebre. Cineasta de
sucesso e prestígio na carreira foi premiado com a Palma de Ouro do Festival de
Cannes e com o Oscar de melhor diretor, ambos por seu filme “O Pianista”, de
2002, que tem como background o
gueto de Varsóvia, onde esteve na infância, como judeu na Polônia ocupada pelos
nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (cf. Arendt, 1980; 1989; 1999; 2003;
cf. Saidel, 2006). Polański é um dos melhores do mundo, conhecidos diretores de
cinema contemporâneo e é amplamente considerado um dos maiores diretores de sua
época. Também é conhecido por suas polêmicas, turbulenta na vida pessoal e
controversa.
Bastaria citar três
episódios que, aparentemente sozinhos, seriam suficientes para preencher ou
definir toda uma vida: a) a experiência do Holocausto na Polônia, na infância,
tendo perdido a mãe num “campo de concentração” de extermínio humano nazista. Os
codinomes prescritos para o assassinato eram: “solução final”, “evacuação” (Aussiedlung), e “tratamento especial” (Sonderbehandlung); a deportação - a
menos que envolvesse judeus enviados para Theresienstadt, o “gueto dos velhos”
para judeus privilegiados, caso em que se usava “mudança de residência” -
recebia os nomes de “reassentamento” (Umsiedlung)
e “trabalho no Leste” (Arbeitseinsatz im
Osten), sendo que “o uso destes últimos nomes prendia-se ao fato de os
judeus serem de fato muitas vezes reassentados temporariamente em guetos, onde
certa porcentagem deles era temporariamente usada para trabalhos forçados” (cf.
Arendt, 1999:100).
b) O assassinato
bárbaro de sua segunda mulher, Sharon Tate, objeto de nossa análise e,
repetimos grávida de quase nove meses, numa carnificina promovida por membros
da seita do lunático e psicopata Charles Manson, em 1969 (cf. Braga, 2011a; 2011b;
2011c); c) e o escândalo provocado pelo suposto estupro de uma menina de 13
anos, oito anos depois, seguido da condenação pela Justiça americana e da fuga
desesperada do país. Parece difícil acreditar que alguém consiga não apenas
passar incólume por tantos traumas psicoativos, psicanaliticamente falando,
como também encontrar energia e inspiração para produzir uma obra
cinematográfica internacionalmente reconhecida.
Do ponto de vista
fílmico sua obra que já chega a 18 longas-metragens, desde a estreia, com “Faca
na Água”, em 1962 na Polônia comunista, até “O escritor fantasma”, em 2010,
passando por clássicos da cinematografia como “O bebê de Rosemary”, “A dança
dos vampiros” e “Chinatown”. Essa carreira aparentemente ainda não chegou ao
“fim”, negando a máxima weberiana, segundo a qual “fim” é a “representação de
um resultado que se converte em causa de uma ação”. Polanski envolvido na
pré-produção de “Carnage”, baseado na peça de Yasmina Reza, no Brasil recebeu o
título de “O Deus da carnificina”. Arrogante, polemista e avesso às convenções
sociais, promíscuo notório com uma queda incontrolável por “lolitas”, (ou
“ninfetas”) que “é um estilo japonês de moda cujas primeiras manifestações
apareceram em fins da década de 1970 e começo da década de 1980”, é artista
cínico e indiferente à opinião pública, o cineasta polonês - que completa 78
anos no próximo dia 18 - parece ser amado e odiado combinando uma “dialética
trágica” nietzscheana (cf. Safranski, 2005: 75 e ss.), na mesma medida em que
tem plena consciência disso.
Sharon Tate, nascida
em Dallas em 24 de janeiro de 1943, fora uma atriz de beleza esfuziante e com
carreira em ascensão depois de atuar em “Vale das Bonecas” (1967), de Mark
Robinson, e “A Dança dos Vampiros” (1967), de Roman Polanski (com quem se
casaria em 1968). A “conexão de sentido”, para lembrarmo-nos de Max Weber, se dá “através de um cara sombrio”, Charles
Manson, líder da autointitulada “Família Manson”, uma “pseudo-comunidade”
hippie que ele fundara na Califórnia. O assassino de Sharon Tate, Charles
Watson confessou em sua biografia ter esfaqueado a atriz por 16 vezes, enquanto
ela pedia apenas para poder ter o filho. Deixaram a casa toda pixada, como é
comum nas assinaturas entre os seriais
killers norte-americanos (cf. Braga, 2011a) ou, com títulos de músicas do
“Album Branco” dos Beatles, gravadas com o sangue das vítimas (cf. Fromm, 1957;
cf. Foucault, 1971; 1973; 1977; 1987).
Do ponto de vista
etnobiográfico, Sharon Marie Tate nasceu em 24 de janeiro de 1943 em Dallas
(Texas, EUA), além de ser “uma das mulheres mais bonitas de Hollywood da década
de 1960”, foi uma atriz de muitas participações em filmes e de três trabalhos
notáveis no cinema: Não Faça Onda (Direção:
Alexander Mackendrick. Estados Unidos, 1967, duração: 97 minutos); O Vale das Bonecas (1967), onde a
estudante Anne Welles sonha em ser uma estrela da Broadway e, com seu jeito
espontâneo e determinado, resolve largar tudo para fazer parte do show biz. Na companhia de duas outras
jovens, uma aspirante a atriz e uma feminista, ela ainda pretende conseguir um
homem bonito e rico. Em A Dança dos
Vampiros (1968), Abronsius (Jack MacGowran) é um professor universitário “especialista
em vampiros” que decide ir até a Transilvânia, no coração da Europa Central,
acompanhado de seu fiel discípulo Alfred (Roman Polanski), que infelizmente é
bem medroso. Abronsius tem como objetivo aprender sobre vampiros e combatê-los,
se possível, mas os fatos tomam um rumo inesperado e vão de encontro aos
objetivos do professor.
Ela era a filha mais
velha do coronel Paul Tate e da “dona de casa”, na falta de melhor expressão, Doris
Tate. Com apenas 6 meses, baby Sharon ganhou seu primeiro concurso de beleza
sendo coroada Miss Tiny Tot de Dallas. Mas a beleza era algo que tinha de mais
notório, claro, além do seu talento para interpretar, que infelizmente não pode
ser mais explorado nem elogiado devido ao seu brutal assassinato em 1969. Antes
de brilhar na grande tela, havia sido modelo, presença marcante em comerciais,
Editoriais de moda e capas de revista tornando-se muito conhecida em seu país.
Em 1967 foi o ano de sucesso da atriz no cinema, onde trabalhou ao lado de Tony
Curtis e Claudia Cardinale na comédia Não
faça onda. Sua beleza estonteante e seu corpo escultural chamaram a atenção
do diretor polonês Roman Polanski, que a convidou para atuar na chamada comédia
de “humor negro”: A dança dos vampiros
(1968). É neste mesmo ano que Roman e Sharon se casam, ela passa então a ser a
senhora Sharon Marie Tate Polanski. A felicidade do promissor casal
hollywoodiano daquela época é interrompida pela morte prematura de Sharon aos
26 anos, então grávida do seu primeiro filho. Então a data de 9 de agosto de
1969 marca para sempre a tão festejada Era
de Aquarius com uma série de assassinatos mais chocantes da história
americana, tornando-se conhecidos como “O Caso Tate - La Bianca”.
No dia 9 de agosto de
1969, quase madrugada, um homem e quatro mulheres subiram no poste telefônico e
cortaram a linha da rua 10050 Cielo Drive. O motivo era macabro: todos estavam
ali a mando de Charles Manson, mentor espiritual do grupo. E quem eram aqueles
jovens? Charles “Tex” Watson (23), Susan Atkins (21), Linda Kasabian (20) e
Patricia Krenwinkel (21). Eles estavam lá para cometer um crime hediondo, a
ordem era para destruir a casa do músico Terry Melcher (o real desafeto de
Manson e proprietário do imóvel) e matar todos que estivessem por lá. E isso
foi feito. A origem de tudo estava na obsessão que Manson tinha por Melcher,
pois na época em que se conheceram, Charles Manson era um compositor de Rock
iniciante e queria lançar seu trabalho, o que não foi aceito pelo empresário.
Em 1969, Mason
descobre que Terry já não residia em Cielo Drive, e ao constatar quem são os
reais moradores (o casal Polanski) planeja a destruição do lugar e de quem
estivesse por lá. No dia do brutal assassinato de sua esposa, Roman Polanski
estava rodando um filme em Londres. Segundo relatos o primeiro a morrer no
sangrento 9 de agosto de 1969, foi o amigo do caseiro da mansão Steven Parent,
que só perguntou o que aquelas pessoas estranhas faziam ali, assim que viu os
quatro jovens hippies se aproximando e foi recebido com cinco tiros à
queima-roupa. As próximas vítimas do grupo foram: a herdeira milionária de uma
empresa de café, Abigail Folger, seu namorado, o polonês Wojciech Frykowski, o
cabeleireiro Jay Sebring e a atriz e sex-simbol
Sharon Tate, grávida de oito meses, que naquele dia recebia em sua residência
pessoas de seu círculo de amizades. Os jovens quando concluem a macabra tarefa
empapam uma toalha com o sangue dos mortos e escrevem a palavra PIG (“porco”)
na porta de entrada principal e depois voltam para o rancho onde residiam com o
mentor Manson, lá eles contam o que fizeram. E segundo relatos policiais da
época Manson teria dito ao seu grupo que aquilo ainda não foi do jeito que ele
queria, pois esperava algo “mais caprichado”.
No dia seguinte, mais
uma série de assassinatos é planejada e executada friamente por Charles Manson,
pois tudo o que ele desejava era “o máximo de crueldade”, por isso, não estando
muito satisfeito envia o mesmo grupo para a mansão do casal de empresários Leno
e Rosemary La Bianca, daquelas pessoas que estiveram na propriedade de Terry Melcher
ele só substitui Linda Kasabian por outra bad-girl,
a Leslie Van Houten de 19 anos. E realmente os “La Bianca” são “mortos a
facadas e mutilados, o grupo repete a mesma ação de Cielo drive escrevendo nas
paredes com o sangue das vítimas”. A polícia levou meses investigando os
assassinatos e chegou aos verdadeiros autores dos crimes. Eles são condenados à
pena de morte, mas depois conseguiram comutação para prisão perpétua, devido à
abolição da pena de morte no Estado da Califórnia naquele ano.
A mãe de Sharon Tate
cria uma fundação para ajudar a todas as pessoas que tiveram parentas vítimas
de crimes bárbaros. Doris Tate ao descobrir-se doente passa a administração da
fundação para a sua filha mais nova Patrícia Tate, mesmo nos últimos dias de sua
vida, a mãe de Sharon se dedicava à causa, morrendo em 1992. Patrícia Tate
morre em 2000, vítima de câncer de mama e a atual responsável pela fundação e
memória da atriz assassinada é a irmã do meio Debra Tate. Charles Manson hoje
com 74 anos ainda é vivo e cumpre pena assim como todos envolvidos no “Caso
Tate - La Bianca”. O pior castigo ficou para Susan Atkins, que mesmo tendo
obtido 16 pedidos para liberdade condicional (todos negados), teve que amputar
uma perna e tem câncer de cérebro, atualmente ela padece na prisão, acreditam
que ela possa morrer ainda na penitenciária.
Polański fez o
primeiro longa-metragem, “Knife in the Water” (1962), e na Polónia, ganhou sua
primeira indicação ao Óscar (de Melhor Filme Estrangeiro, 1963). Polański
deixou a Polônia comunista para viver na França há vários anos, antes de se
mudar para a Inglaterra, onde colaborou com Gérard Brach em três filmes,
começando com o “Repulsion” em 1965. Em 1968 mudou-se para os E.U.A., dirigindo
o filme de terror “Bebê de Rosemary” de 1968, em Hollywood. Neste caso, talvez
como uma profecia, pelo assassinato de Sharon Tate. Recém-casados, Rosemary e Guy mudam para um
novo apartamento, onde fazem amizade com um casal de idosos e descobrem que
estão esperando seu primeiro filho. Aos poucos, envolta em pesadelos e
alucinações, ela começa a desconfiar dos hábitos estranhos de seus vizinhos e
de seu próprio marido, temendo pelo futuro de seu filho.
Depois de fazer
vários filmes independentes, Polanski voltou a Hollywood em 1973 para fazer “Chinatown”
para a Paramount Pictures, com Robert Evans como produtor. “Chinatown” é um
filme estadunidense de 1974, do gênero “policial noir”, dirigido por Roman
Polanski e estrelado por Jack Nicholson e Faye Dunaway. O filme possui um dos
melhores roteiros do cinema, numa sucessão de reviravoltas extremamente bem
organizadas, onde a verdadeira história se revela aos poucos. Duas cenas são
clássicas neste filme: no início, em que J.J. “Jake” Gittes (Jack Nicholson)
adentra seu escritório animado para contar uma piada e é cortado pela presença
de Evelyn Mulwray (Faye Dunaway) que o informa de que foi enganado por uma
impostora, que ao se passar por ela havia contratado seus serviços para
investigar seu marido (que seria encontrado morto logo a seguir).
As filmagens de Chinatown começaram em 28 de setembro
de 1973, o dia mais quente de início de outono já registrado no local. Fazia 35
graus quando o elenco se reuniu em um pomar de laranjas perto de Pasadena para
dar início aos trabalhos. Um Polański “elétrico” saltou de seu carro com
motorista, vomitou e começou a trabalhar. Embora a temperatura viesse a cair na
semana seguinte, a produção se mostraria agonizantemente lenta, até mesmo para
um filme conscientemente cadenciado. Polański acabou por concluir que a culpa
era de Stanley Cortez, o velho câmera man
de 64 anos a quem achara “cheio de charme à moda antiga”, mas “completamente
por fora” dos avanços tecnológicos pós-guerra. Ao chegarem ao nono dia de
filmagens, Cortez foi despedido. Para seu posto Polański chamou John Alonzo, um
indivíduo extremamente autoconfiante, além de enérgico operador de câmara e
ator que havia feito uma participação memorável em “Sete homens e um destino”.
Com sua ajuda, “Chinatown” se tornaria o segundo filme consecutivo em que Polański
chegaria ao final antes do que previa o cronograma.
A saída abrupta de
Cortez parece ter irritado alguns membros da equipe de “Chinatown”, que já
trabalhavam seguindo a cartilha de Polanski, com longas e cansativas jornadas.
Um técnico em particular, que prefere permanecer anônimo, admite ter sido um
“amotinador” que tentaria organizar uma petição contra o diretor, mais
especificamente seu hábito de exigir inúmeras tomadas, se necessário “bem além
do horário de trabalho”. Tal protesto parece ter atingido o âmago da questão,
comum em muitas filmagens, sobre quem de fato estava no comando. Ao tomar
conhecimento do caso, Robert Evans teria chamado certa noite o funcionário
descontente em seu escritório e lhe oferecido uma escolha: “Você prefere rasgar
seu contrato e ir para o olho da rua ou fazer as pazes com Roman?”. Diante de
tais alternativas, o homem lhe perguntou como poderia apresentar seu pedido de
desculpas. “Apenas vá até ele e diga: ´Sr. Polanski, me perdoe. Sou um
babaca`”. Aquilo parece ter funcionado.
Outra cena marcante é
a final, quando Evelyn, em fuga, é atingida por um tiro de um policial. Como o
carro não para, a única coisa que dá a entender que foi atingida é o som da
buzina do carro que toca sem parar, subentendendo que caiu morta sobre o
volante. O filme foi indicado para um total de 11 Óscars, estrelas como Jack
Nicholson e Faye Dunaway ambos receberam indicações para seus papéis e
engenhosamente desenhados roteiro de Robert Towne ganhou o prêmio de Melhor
Roteiro Original. A principal crítica e sucesso de bilheteria da época de sua
estreia no verão de 1974, “Chinatown”, fora considerado a maior realização de
Polański como cineasta. Assim como, na sequência o filme de Polański, “The
Tenant” (1976), foi filmado na França, e completou o seu “Apartment Trilogy”,
nessa direção “Repulsion” e “Rosemary`s Baby”.
Em 1977, Polański foi
detido em Los Angeles e se declarou culpado de relações sexuais ilegais com
menores, de uma garota de 13 anos (na época ele próprio tinha 43 anos). Nos
depoimentos, a menor acusou-o de drogá-la com Champanhe e Methaqualone. É mais
conhecida como Mandrix (e também mandrax, mequalon, quaaludes, “smarties”, ou
“geluk-tablette”) são nomes comerciais ou populares do princípio ativo
Methaqualone, uma droga sedativa e hipnótica
depressora do sistema nervoso central, muito usada como comprimidos para dormir
nos anos 1970, com efeitos semelhantes e menos efeitos colaterais que os
barbitúricos, largamente usada como “droga de abuso”. Foi uma das substâncias
em que se iniciou no vício em drogas Christiane F. Christiane Vera
Felscherinow, mais conhecida como “Christiane F” (Hamburgo, 20 de maio de
1962), é uma alemã que fora viciada em heroína, que se tornou célebre por
contribuir para o livro autobiográfico Wir
Kinder vom Bahnhof Zoo, publicado e editado pela revista alemã Stern em 1978 e que descreve sua démarche e luta contra o vício durante
a adolescência.
Roman Polański foi
acusado em 1977 de ter se valido de Methaqualone para facilitar sexo ilícito
com uma menina de 13 anos de idade. Liberado após 42 dias, de uma avaliação
psiquiátrica, Polański fugiu para a França e teve um “mandado de detenção E.U.
pendentes desde 1978” e ainda um “mandado de captura internacional desde
2005”. Polański foi por muitos anos
evitados em fazer visitas nos países que eram susceptíveis de extraditá-lo,
como o Reino Unido e viajou principalmente entre a França, onde reside, e a
Polónia. Como um cidadão francês, foi protegido na França pela extradição
limitada do país com os Estados Unidos. Em 26 de setembro de 2009, ele foi
preso, a pedido das autoridades americanas, pela polícia suíça, em sua chegada
ao aeroporto de Zurique durante a tentativa de entrar na Suíça para pegar uma
realização da vida “Golden Icon Award” do Festival de Cinema de Zurique.
Depois de fugir para
a Europa na sequência da sua condenação nos Estados Unidos em 1977, Polański
continuou a dirigir filmes, embora não houvesse quase uma pausa de sete anos
entre “1979 a Tess” (um drama romântico adaptado da novela de Thomas Hardy Tess,
de 1891, do “Urbervilles d´”, dedicado à memória de sua falecida esposa, Sharon
Tate e “Os Piratas” em 1986, uma comédia de aventura. Mais tarde, seus filmes incluem: “Frantic” (1988),
“Death and the Maiden” (1994), “The Ninth Gate” (1999), “The Pianist” (2002), e
“Oliver Twist” (2005). O mais notável, entretanto, é “O Pianista”, a “Segunda Guerra Mundial” - set adaptação da autobiografia de mesmo
nome de músico judeu-polonês Wladyslaw Szpilman, cujas experiências têm
semelhanças com o próprio Polański, pois ele, como Szpilman, escaparam do “gueto”
e “campos de concentração”, enquanto os membros de sua família não. O filme
ganhou três Óscar, incluindo Melhor
Diretor (2002), Palma de Ouro do Festival de Cannes (2002), e sete César, incluindo Melhor Filme e Melhor
Diretor. Também fez trabalhos ocasionais no teatro. Enfim, foi um dos nomeados
ao “European Film Awards” de melhor diretor por The Ghost Writer. Enfim, o novo filme de Polański, “Carnage” foi
exibido no Festival de Veneza e foi elogiado pela crítica. Baseado na peça
“Deus da Carnificina”, de Yamina Reza, reúne, no elenco, John C. Reilly, Jodie
Foster, Cristoph Waltz e Kat Winslet.
O governo da Suíça
anunciou que os Estados Unidos enviaram pedido formal para que o cineasta Roman
Polański seja extraditado. Polański, de 76 anos, foi preso ao chegar à Suíça em
26 de setembro para receber um prêmio em um festival de cinema em homenagem a
sua obra. A prisão foi por causada, como vimos,
por um crime cometido nos EUA há mais de 30 anos, “quando ele foi
condenado por fazer sexo com uma menor de idade”. O cineasta, que tem dupla
cidadania, francesa e polonesa, se declarou culpado de fazer sexo com uma
menina de 13 anos em 1977 e passou 42 dias na prisão, onde foi submetido a
testes psiquiátricos. No entanto, ele fugiu dos EUA antes de o caso ser
concluído porque achou que um juiz iria sentenciá-lo há até 50 anos atrás das
grades. Polański pode optar por enfrentar Justiça dos EUA, diz advogado. Com
receio de fuga, a corte suíça rejeita pedido de Polański, para sair da prisão
Roman Polański ou deixar a prisão para exames médicos, diz advogado. Por conta
do receio de nova fuga, a Suíça negou os pedidos para que o cineasta espere o
processo em liberdade. “De acordo com as leis da Suíça, a detenção é regra
durante todo o processo de extradição”, afirmou em nota oficial da Corte
Criminal Federal Suíça. “A corte considera que há riscos de Polanski fugir se
for libertado”.
Finalmente, convém
situar uma questão mais geral a propósito desse “individualismo” ou
“individuação” que se invoca tão frequentemente para explicar, em épocas
diferentes, fenômenos bem diversos. Sob tal categoria misturam-se,
frequentemente realidades completamente diferentes, e não seria distinta no
caso do cineasta franco-polonês. De fato, convém distinguir três aspectos: a) a
atitude individualista, caracterizada pelo valor absoluto que se atribui ao
indivíduo em sua singularidade e pelo grau de independência que lhe é atribuído
em relação ao grupo ao qual ele pertence ou às instituições das quais ele
depende; b) a valorização da vida privada, ou seja, a importância reconhecida
às relações familiares, às formas de atividade doméstica e ao campo de
interesses patrimoniais; e, c) finalmente, com a “intensidade das relações
consigo”, isto é, das formas nas quais se é chamado a tomar a si próprio como
“objeto de conhecimento” e “campo de ação” para transformar-se, corrigir-se,
purificar-se e promover a própria salvação.
Bibliografia geral consultada:
Artigo: “In memoriam: 40 aniversario del
falecimento del Sharon Tate”. Disponível em: http://quefuede.lacoctera.net/post/2009/11/24; BRAGA, Ubiracy de
Souza, “Roman Polański: sabor de vida e de tragédia”. Disponível em: http://cienciasocialceara.blogspot.com.br/2011/09/; Idem, “Serial Killers brasileiros: origem e
significado da traigoidia”.
Disponível em: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/04/13; Idem, “Massacre de
Eldorado dos Carajás: 15 anos de impunidade”. In: http://espacoacademico.wordpress.com/2011/04/30; Idem, “A ideia de
troféu nos estados Unidos da América”. Disponível em: http://cienciasocialceara.blogspot.com.br/2011/07; ARENDT, Hannah, L`Impérialisme. Les origines du
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São Paulo: Cia das Letras, 1989; Idem, Eichmann
em Jerualém. São Paulo: Companhia das Letras, 1999; Idem, Responsibility and Judgement. Nova York:
Schocken Books, 2003; SAFRANSKI, Rüdiger, Nietzsche.
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Janeiro: Zahar, 1990; SAID, Gustavo Fortes, Mídia,
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Ravensbruck Concentration Camp. Terrace Books, 2006; FREUD, Sigmund, Obras Completas. Madrid: Editorial Biblioteca
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psicológicas completas. Rio de Janeiro: Ed. Standard; Imago, 1996; GOFFMANN,
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Nascimento da Prisão. Petrópolis (RJ): Vozes, 1987; FROMM, Erich, El miedo a la libertad. 3ª edição.
Buenos Aires: Paidós, 1957; GARCIA, Silvana, A Trombeta de Jericó. Tese de Doutorado em Ciências. São Paulo:
ECA/USP, 1997; GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo, Freud
e o inconsciente. 23ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008 (1ª
edição 1984); LACAN, Jacques, Os
complexos familiares na formação do indivíduo. Outros escritos. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 2003, entre outros.
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